Além de que, para os que na idade madura foram arrancados pelo dever às facilidades da improvisação e encontram nesta região dura das coisas exatas, entristecedora e mesquinha, onde, em lugar do esplendor dos heroísmos e da beleza das paixões, só há a pequenez dos carateres e a miséria dos sentimentos, seria doce e reconfortante ouvir de longe a longe, nas manhãs de sol, ao voltar da primavera, zumbir no azul, como nos bons tempos, a doirada abelha da fantasia. 
A última razão que nos leva a não repudiar este livro, é que ele é ainda o testemunho da íntima confraternidade de dois antigos homens de letras, resistindo a vinte anos de provação nos contatos de uma sociedade que por todos os lados se dissolve. E, se isto não é um triunfo para o nosso espírito, é para o nosso coração uma suave alegria. 
Lisboa, 14 de dezembro de 1881 
De V. 
Antigos amigos 
Eça de Queirós 
Ramalho Ortigão