Procurar livros:
    Procurar
Procurar livro na nossa biblioteca
 
 
Procurar autor
   
Procura por autor
 
marcador
  • Sem marcador definido
Marcador
 
 
 

Capítulo 12: CAPÍTULO III

Página 71
Logo, o mascarado que conduziu F… ao quarto em que ele se acha preso, é efetivamente um amigo dele, íntimo e particular.

Posso eu, sem semear remorsos que mais tarde entenebrecerão talvez a minha vida com uma sombra eterna, denunciar à polícia uma particularidade, um nome, uma circunstância positiva, que a ponha no encalço deste crime e no descobrimento das pessoas, inocentes ou culpadas, que circulam fatalmente em torno dele?

As mesmas noticias que lhe tenho dado, as cartas que precipitadamente comecei a escrever-lhe, e que hoje, posto que acobertado pelo anonimo, me vejo na obrigação moral de concluir e desenlaçar, não serão já perante a severidade incorruptível, despreocupada e fria dos homens de bem, uma traição aos imprescritíveis deveres da amizade, um agravo à inviolabilidade do sigilo, uma ofensa a esse culto íntimo que se baseia na delicadeza, no melindre,

no primor, - culto que para as almas honradas constitui uma parte dos princípios supremos da primeira das religiões - a religião do carater?

Mas podia também calar-me? ficar mudo, impassível, inerte, neutro, diante deste sucesso obscuro mas tremendo? Podia acaso aceitar na impassibilidade e no silêncio a responsabilidade terrível de um homicídio tenebroso, do qual sou eu a única testemunha com iniciativa, com liberdade, com faculdade de ação?…

Decidam-no as pessoas que por um momento quiserem imaginar-se nas circunstâncias excecionais e únicas em que eu estou.

Na onda de conjeturas, de planos, de determinações, de obstáculos em que me achei envolvido, assoberbado, só, escondido, inquieto, nervoso, sem um único momento que perder, uma só coisa me ocorreu, possível, clara, solvente: publicar anonimamente o que me sucedera, entregar por este modo à sociedade a história da minha situação e esperar dos outros, do público, a solução do problema que eu não sabia resolver por mim.

<< Página Anterior

pág. 71 (Capítulo 12)

Página Seguinte >>

Capa do livro O Mistério da Estrada de Sintra
Páginas: 245
Página atual: 71

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
CARTA AO EDITOR, 1
PRIMEIRA PARTE - EXPOSIÇÃO DO DOUTOR
CAPÍTULO I
5
CAPÍTULO II 10
CAPÍTULO III 14
CAPÍTULO IV 18
CAPÍTULO V 25
CAPÍTULO VI 30
CAPÍTULO VII 37
SEGUNDA PARTE - INTERVENÇÃO DE Z.
CAPÍTULO I
44
TERCEIRA PARTE - DE F… AO MÉDICO
CAPÍTULO I
50
CAPÍTULO II 56
CAPÍTULO III 60
QUARTA PARTE - NARRATIVA DO MASCARADO ALTO
CAPÍTULO I
79
CAPÍTULO II 85
CAPÍTULO III 91
CAPÍTULO IV 94
CAPÍTULO V 102
CAPÍTULO VI 108
CAPÍTULO VII 113
CAPÍTULO VIII 118
CAPÍTULO IX 123
CAPÍTULO X 125
CAPÍTULO XI 130
CAPÍTULO XII 134
CAPÍTULO XIII 138
CAPÍTULO XIV 143
CAPÍTULO XV 149
QUINTA PARTE - AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
154
CAPÍTULO II 163
CAPÍTULO III 165
CAPÍTULO IV 170
CAPÍTULO V 182
CAPÍTULO VI 187
SEXTA PARTE - A CONFISSÃO DELA
CAPÍTULO I
190
CAPÍTULO II 195
CAPÍTULO III 197
CAPÍTULO IV 204
CAPÍTULO V 208
CAPÍTULO VI 213
CAPÍTULO VII 217
CAPÍTULO VIII 221
CAPÍTULO IX 226
CAPÍTULO X 231
SÉTIMA PARTE - CONCLUEM AS REVELAÇÕES DE A. M. C.
CAPÍTULO I
236
CAPÍTULO II 240