- Não - respondeu-lhe Corentin -, esta rapariga não ia confiar a guarda dos seus primos a um rendeiro. Está a brincar connosco... Faça o que eu lhe digo, para que, depois de termos cometido o erro de vir aqui, possamos ao menos levar alguns esclarecimentos.
Corentin veio colocar-se diante do, fogão, soergueu às longas abas pontiagudas da casaca, para se aquecer, e assumiu ares, tom, maneiras de um homem que vem de visita.
- Minhas senhoras: podem deitar-se, e a sua criadagem também. Senhor maire: os seus serviços vão-nos ser agora inúteis. A severidade -das ordens recebidas não nos permite agir de maneira diferente daquela de que usámos até aqui; mas quando todas as paredes, que se me afiguram bastante espessas, estiverem examinadas, partiremos também.
O maire cortejou os presentes e saiu, Nem o cura: nem a Menina Goujet se mexeram. A criadagem estava por de mais inquieta para não querer acompanhar a sua jovem ama. A Senhora de Hauteserre, que, desde a chegada de Laurence, a estudava com a curiosidade de uma mãe tornada de desespero, levantou-se, pegou-lhe por um braço, levou-a até a um canto do salão e disse-lhe, em voz baixa:
- Viu-os?
- Como queria que eu permitisse que os seus filhos estivessem sob as nossas telhas sem a prevenir? -respondeu Laurence.
- Durieu - disse ela -, vai ver se é possível salvar a minha pobre Estela, que ainda respira.
- Andou muito?;- perguntou Corentin.
- Quinze léguas em três horas -respondeu ela ao cura, que a contemplava estupefacto. - Saí, às nove e meia e voltei já passava da uma.
Olhou para o relógio, que marcava duas horas e meia.
- Portanto - voltou Corentin -, não nega ter feito uma caminhada de quinze léguas?
- Não - tornou-lhe ela.