Um Caso Tenebroso - Cap. 10: X - LAURENCE E CORENTIN Pág. 109 / 249

- Mandemos lá gente.

- Não - respondeu-lhe Corentin -, esta rapariga não ia confiar a guarda dos seus primos a um rendeiro. Está a brincar connosco... Faça o que eu lhe digo, para que, depois de termos cometido o erro de vir aqui, possamos ao menos levar alguns esclarecimentos.

Corentin veio colocar-se diante do, fogão, soergueu às longas abas pontiagudas da casaca, para se aquecer, e assumiu ares, tom, maneiras de um homem que vem de visita.

- Minhas senhoras: podem deitar-se, e a sua criadagem também. Senhor maire: os seus serviços vão-nos ser agora inúteis. A severidade -das ordens recebidas não nos permite agir de maneira diferente daquela de que usámos até aqui; mas quando todas as paredes, que se me afiguram bastante espessas, estiverem examinadas, partiremos também.

O maire cortejou os presentes e saiu, Nem o cura: nem a Menina Goujet se mexeram. A criadagem estava por de mais inquieta para não querer acompanhar a sua jovem ama. A Senhora de Hauteserre, que, desde a chegada de Laurence, a estudava com a curiosidade de uma mãe tornada de desespero, levantou-se, pegou-lhe por um braço, levou-a até a um canto do salão e disse-lhe, em voz baixa:

- Viu-os?

- Como queria que eu permitisse que os seus filhos estivessem sob as nossas telhas sem a prevenir? -respondeu Laurence.

- Durieu - disse ela -, vai ver se é possível salvar a minha pobre Estela, que ainda respira.

- Andou muito?;- perguntou Corentin.

- Quinze léguas em três horas -respondeu ela ao cura, que a contemplava estupefacto. - Saí, às nove e meia e voltei já passava da uma.

Olhou para o relógio, que marcava duas horas e meia.

- Portanto - voltou Corentin -, não nega ter feito uma caminhada de quinze léguas?

- Não - tornou-lhe ela.





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