Um Caso Tenebroso - Cap. 10: X - LAURENCE E CORENTIN Pág. 110 / 249

- Confesso: os meus primos e os Senhores de Simeuse, na sua perfeita inocência, contavam pedir que não fossem exceptuados da amnistia, e voltavam para Cinq-Cygne. Por isso, quando me convenci de que o Senhor Malin os queria envolver em qualquer traição, fui preveni-los para que voltassem para a Alemanha, onde estarão antes que o telégrafo de Troyes dê conta deles na fronteira. Se cometi um crime, que me punam.

Esta resposta, profundamente meditada por Laurence, tão verosímil nas suas partes, abalou as convicções de Corentin, a quem a jovem condessa observava pelo canto do olho. Neste momento decisivo, -e quando todas as almas estavam de certo modo suspensas daqueles dois rostos, quando todos os olhares iam de Corentin a Laurence, e de Laurence a Corentin, o ruído de um ca valo a galope, vindo da floresta, ressoou no caminho, depois no portão e por fim no empedrado do pátio. Uma ansiedade medonha se pintou em todos os rostos.

Peyrade entrou no salão com o olhar resplandecente de alegria, aproximou-se rápido, do colega,

e disse-lhe, suficientemente alto para que a condessa o ouvisse:

- Apanhámos Michu!

Laurence, que tinha o rosto corado pela fadiga e a tensão de todas as suas faculdades intelectuais, voltou a empalidecer e caiu quase em delíquio, fulminada, numa poltrona. Durieu, a Menina Goujet e a Senhora de Hauteserre correram para Laurence, pois ela sufocava; com um gesto deu-lhes a entender que era preciso cortar os alamares da amazona.

- Caiu... vão a caminho de Paris! - disse Corentin a Peyrade. - Tens de dar novas ordens.

Saíram, deixando um gendarme à porta do salão. A infernal argúcia daqueles dois homens acabava de obter uma horrível vantagem no duelo, apanhando Laurence no laço armado pelas suas manhas costumadas.





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