Esta resposta, profundamente meditada por Laurence, tão verosímil nas suas partes, abalou as convicções de Corentin, a quem a jovem condessa observava pelo canto do olho. Neste momento decisivo, -e quando todas as almas estavam de certo modo suspensas daqueles dois rostos, quando todos os olhares iam de Corentin a Laurence, e de Laurence a Corentin, o ruído de um ca valo a galope, vindo da floresta, ressoou no caminho, depois no portão e por fim no empedrado do pátio. Uma ansiedade medonha se pintou em todos os rostos.
Peyrade entrou no salão com o olhar resplandecente de alegria, aproximou-se rápido, do colega,
e disse-lhe, suficientemente alto para que a condessa o ouvisse:
- Apanhámos Michu!
Laurence, que tinha o rosto corado pela fadiga e a tensão de todas as suas faculdades intelectuais, voltou a empalidecer e caiu quase em delíquio, fulminada, numa poltrona. Durieu, a Menina Goujet e a Senhora de Hauteserre correram para Laurence, pois ela sufocava; com um gesto deu-lhes a entender que era preciso cortar os alamares da amazona.
- Caiu... vão a caminho de Paris! - disse Corentin a Peyrade. - Tens de dar novas ordens.
Saíram, deixando um gendarme à porta do salão. A infernal argúcia daqueles dois homens acabava de obter uma horrível vantagem no duelo, apanhando Laurence no laço armado pelas suas manhas costumadas.