Um Caso Tenebroso - Cap. 10: X - LAURENCE E CORENTIN Pág. 112 / 249

Quando estes dois homens voltaram a aparecer no salão onde tão grande perturbação tinham lançado, perturbação, medo, dor e as mais cruéis ansiedades, Laurence, de roupão; o gentil-homem e a esposa, o abade Goujet e a senhora sua irmã encontravam-se reunidos em volta do fogão, tranquilos, pelo menos na aparência.

«Se eles houvessem apanhado Michu - pensou Laurence -, tê-lo-iam trazido, Sinto pena de não ter sabido dominar-me; assim acabei por fazer luz nas suspeitas destes infames; mas tudo pode ainda remediar-se.» - Por quanto tempo ainda vamos ficar vossos prisioneiros? - perguntou ela aos dois agentes; num tom zombeteiro e despreocupado.

- Como é que ela sabe que nós estamos preocupados com o destino de Michu? Ninguém estranho entrou no castelo. Está a fazer pouco de nós! - disseram os dois espiões um ao outro no, olhar quê trocaram.

- Não os importunaremos por muito tempo já - tornou-lhe Corentin -; dentro de três horas apresentar-lhes-emos as nossas desculpas por termos perturbado o vosso sossego.

Ninguém respondeu. Este silêncio desdenhoso mais aguçou a raiva interior de Corentin, cujo juízo estava feito sobre o procedimento de Laurence e do cura, as duas inteligências daquele pequeno mundo. Gothard e Catarina puseram a mesa para o almoço junto do fogão, e o cura e a senhora sua irmã almoçaram também. Nem amos nem criados prestaram a menor atenção aos dois espiões, que passeavam de um lado para o outro no jardim no pátio no caminho, e de quando em quando voltavam a entrar no salão.

Às duas horas e meia O. tenente apareceu de novo.

- Encontrei o brigadeiro - disse ele a Corentin - estendido no caminho que vai do pavilhão a que chamam dos Cinq-Cygne para a quinta de Bellache, sem qualquer outro ferimento além de uma horrível contusão na cabeça, naturalmente provocada pela queda do cavalo.





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