Diz ele que foi arrancado de cima da sela tão de repente e tão violentamente atirado para a retaguarda que não sabe explicar o que se passou; OS pés saíram-lhe dos estribos; caso contrário teria morrido, pois o cavalo, assustado, arrastá-lo-ia pelo campos fora. Entregámo-lo a Michu e a Violette...
- O quê? Michu está no pavilhão? - exclamou Corentin, que olhara para Laurence.
A condessa sorriu, com um olhar agudo, como mulher que aproveita a oportunidade para vingar-se.
- Acabo de o encontrar a discutir um negócio com Violette, encetado ontem à tarde - respondeu o tenente. - Violette e Michu pareciam bêbedos; mas não é para admirar, Toda a santa noite beberam, e ainda não estão de acordo.
- Foi Violette que lho disse? - inquiriu Corentin.
- Foi - tornou-lhe "O tenente.
- Ah! Se pudéssemos ser nós a fazer tudo! - exclamou Peyrade, olhando para Corentin, tão pouco seguro como Peyrade da inteligência do tenente.
O mais novo respondeu ao mais velho com um aceno de cabeça.
- A que horas chegou ao pavilhão de Michu? - perguntou Corentin, que notara que a Menina dos Cinq-Cygne relanceara a vista ao relógio em cima do fogão.
- Pouco mais ou menos duas horas - respondeu o tenente.
- Laurence percorreu com um mesmo olhar o Senhor e a Senhora de Hauteserre, o abade Goujet e a senhora sua irmã, que se sentiram sob uma capa protectora; a alegria da vitória cintilava-lhe nos olhos, corou, e as pálpebras encheram-se-lhe de lágrimas. Couraçada contra as maiores desgraças, esta jovem só de prazer sabia chorar. Naquele momento foi sublime, sobretudo para o cura, a quem entristecia um pouco a virilidade do carácter de Laurence e que naquele momento pôde dar-se conta da ternura sem limites que havia naquela mulher; o certo é, porém, que essa sensibilidade nela, jazia, corno um tesouro escondido, a uma grande profundidade, e sob um bloco de granito.