Um Caso Tenebroso - Cap. 10: X - LAURENCE E CORENTIN Pág. 115 / 249

- A que horas lhe parece terem esses cavaleiros entrado na floresta?

- Ao meio-dia e meia hora.

- Que não saia da floresta nem uma lebre sem que a gente dê por ela! -disse-lhe Corentin ao ouvido. - Eu deixo-lhes aqui Peyrade, e vou ver o pobre brigadeiro. Fica em casa do maire; eu te enviarei um homem atilado para te render - disse ele ao ouvido do provençal. - Precisamos de nos servir de alguém cá da terra; olha-lhes bem para a cara.

Voltou-se para os outros:

- Até à vista! - disse num tom de meter medo.

Ninguém respondeu à saudação dos agentes, que saíram.

- Que dirá Fouché de uma visita domiciliária sem qualquer resultado? - exclamou Peyrade, quando ajudava Corentin a subir para o cabriolet de verga.

- Oh! Isto ainda não acabou - tornou-lhe Corentin, que aproximara a boca do ouvido de Peyrade -; os gentis-homens devem estar na floresta.

Apontou para Laurence, que os observava através dos vidrinhos miúdos das grandes janelas do salão:

- Já uma vez arrebentei com uma que valia mais do que esta, e que me esquentou a bílis. Se volto a apanhá-la a jeito, paga-me a chicotada que me deu.

- A outra era uma rapariga da rua - disse Peyrade - e esta está numa posição...

- Porventura reparo eu nisso? É tudo peixe no mar! - disse Corentin, acenando para o gendarme que acabava de tocar o cavalo de posta.

Dez minutos depois o castelo de Cinq-Cygne estava inteira e completamente evacuado.

- Como é que se viram livres do brigadeiro? - perguntou Laurence a Francisco Michu, ao qual mandara sentar e a quem dava de comer.

- Meu pai e a minha mãe disseram que se tratava de um caso de vida ou de morte, que ninguém devia entrar na nossa casa. Por isso, quando eu percebi, pela andadura dos cavalos na floresta, que tinha pela frente os cães dos gendarmes, tratei de impedir que eles nos entrassem em casa.





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