Um Caso Tenebroso - Cap. 13: XIII – UM BOM CONSELHO Pág. 148 / 249

-:- O grito das cinco raparigas que fundaram a nossa casa é o meu grito.

- O nosso não é: AQUI MORREMOS! Por isso nada de tréguas! - voltou o mais velho dos Simeuse -, pois, se nos pomos a pensar, acabaremos por reconhecer que o nosso parente Boeuf ruminou muito e bem o que aqui nos veio dizer. Gondreville, o nome de um Malin!

- O nosso solar! - exclamou o mais novo.

- Mansard desenhou-o para a nobreza, e o povo ali faria os seus meninos! - comentou o mais velho.

- Se isso tivesse de acontecer, preferia ver Gondreville em chamas! - exclamou a Menina de Cinq-Cygne.

Um homem da aldeia, que vinha para examinar um vitelo que lhe vendia o bom do Hauteserre, ouviu esta frase quando saía do estábulo,

- Vamos para dentro - disse Laurence, sorrindo: acabamos por cometer uma imprudência e por causa de um vitelo damos razão ao Boeuf (Boi) - Meu pobre Michu - disse ela, ao regressar ao salão -. tinha-me esquecido da tua travessura, mas, como nós não estamos em cheiro de santidade cá na terra, não é razão para isso nos comprometer. Tens algum pecadilho de que te arrependas?

- Arrependo-me de não ter matado o assassino dos meus velhos amos antes de vir em auxílio dos novos.

- Michu! - exclamou o cura.

- Mas não sairei daqui - continuou ele, sem dar ouvidos à exclamação do. cura -, enquanto não souber que estão em segurança. Vejo andar por aí uns fulanos que me não agradam. A última vez que caçámos na floresta veio ter comigo essa espécie de guarda que me substituiu, em Gondreville, e que me perguntou se aquilo era nosso. «Oh! meu rapaz - tornei-lhe eu - custa muito a desabituarmo-nos em dois meses de coisas que fazemos há dois séculos.»

- Fazes mal, Michu - disse, sorrindo, deliciado, o marquês de Simeuse.





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