Um Caso Tenebroso - Cap. 14: XIV -AS CIRCUNSTÂNCIAS DO CASO Pág. 153 / 249

- Em todo o caso caluda, meu velho! - disse a Beauvisage Michu, o último a partir, guardando a chave da porta.

Estava um desses lindos dias do fim de Março, dias em que o ar é seco, a terra limpa, o tempo puro, e em que a temperatura parece um contra-senso quando comparada às árvores sem folhas, O tempo estava tão suave que a vista descobria, por vezes, campos de verdura em pleno vale.

- E vamos nós procurar um tesouro, quando a prima é que é o verdadeiro tesouro da nossa família! - disse, rindo, o mais velho dos Simeuse.

Laurence cavalgava à frente, ladeada pelos dois primos. Os dois de Hauteserre iam após ela, seguidos de Michu por sua vez, Gothard ia à frente para abrir caminho.

- Visto que vamos recuperar a nossa fortuna, em parte pelo menos, case com meu irmão - disse o mais. novo em voz baixa. - Ele adora-a. e a prima será rica como devem sê-lo os nobres de hoje em dia.

- Não, deixe-lhe a ele a fortuna toda, e eu casarei consigo, que tenho riqueza que chega para dois - tornou-lhe ela.

- Que assim seja! - exclamou o marquês de Simeuse. - Eu deixar-vos-ei para procurar mulher digna de ser sua irmã, prima.

- Afinal, os primos querem-me menos do que eu supunha! - voltou Laurence, mirando-o com uma expressão ciumenta.

- Não: eu quero mais aos dois do que vós a mim! - replicou o marquês.

- Quer dizer que da sua parte é um sacrifício! - interpelou Laurence, o mais velho dos Simeuse, relanceando-lhe um olhar cheio de momentânea preferência.

O marquês ficou calado.

- Pois bem, nesse caso, passarei a vida a pensar em si, primo, o que será insuportável para meu marido - voltou Laurence, em quem este silêncio provocara um movimento de impaciência.

- Como hei-de eu viver sem si? - exclamou o mais novo olhando para o irmão.





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