Um Caso Tenebroso - Cap. 19: XIX-OS DEBATES Pág. 200 / 249

O Senhor de Granville observou que tendo sido o delito cometido apenas entre as duas e as cinco horas e meia, devia acreditar-se nos acusados quando explicavam a maneira como haviam empregado o seu tempo durante a manhã.

O acusador respondeu que os acusados tinham interesse em esconder os preparativos, para sequestrarem o senador.

, A habilidade da defesa saltou então a todos os olhos. Os juízes, os, jurados, a audiência; compreenderam logo que a vitória ia ser calorosamente disputada. Bordin e o Senhor de Granville pareciam ter previsto tudo, A, inocência dá contas claras e plausíveis dos seus actos. O dever, da defesa está, pois, em opor um romance provável ao romance improvável da acusação. Para o defensor que encara o seu constituinte como, inocente, a acusação é uma fábula. O interrogatório público dos quatro gentis-homens explicava suficientemente as coisas a seu favor. Até ali tudo ia bem. Mas o interrogatório de Michu foi mais grave, e levou, ao combate. Todos compreenderam então porque é que o Senhor de Granville preferira defender o servo a defender os amos.

Michu confessou as ameaças que fizera a Marion, mas desmentiu a violência que lhe atribuíam. Quanto à emboscada contra Malin disse que passeava regularmente pelo parque; o senador e o Senhor Grévin podiam ter tido medo ao verem o cano da sua espingarda, e atribuir-lhe, uma intenção hostil, quando afinal era a mais inofensiva possível. Chamou a atenção para o facto de um homem pouco habituado a caçar, poder supor que uma espingarda está apontada contra ele, quando a verdade é que pode estar ao ombro ou em descanso. Justificando o estado das suas roupas na altura, da detenção, disse ter caído na brecha ao voltar para, casa.

- Já sem luz para a escalar, tratei de, me agarrar às pedras - disse, ele -, que desabaram em cima de mim quando lhes deitei as mãos para trepar o caminho vão.





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