Um Caso Tenebroso - Cap. 5: V – LAURENCE DE CINQ-CYGNE Pág. 51 / 249

Disfarçados de operários, os Hauteserre e os Simeuse haviam caminhado, de floresta em floresta, guiados, cada vez de mais perto, por pessoas escolhidas três meses atrás, e por Laurence em cada departamento entre as mais dedicadas aos Bourbons e as menos suspeitas. Os emigrados dormiam de dia e caminhavam de noite. Cada um deles trazia consigo dois soldados dedicados, um dos quais ia à frente, como explorador, e o outro ficava para trás, pronto a proteger a retirada em caso de perigo. Graças a estas precauções militares, conseguira o precioso destacamento atingir sem dano a floresta de Nodesme, ponto de reunião.

Vinte é sete outros gentis-homens entraram também pela Suíça e atravessaram a Borgonha, guiados até Paris com precauções semelhantes. O Senhor de Riviêre contava com quinhentos homens, cem dos quais rapazes nobres, que seriam os oficiais desse batalhão sagrado. Os Senhores de Polignac e de Ríviêre, cujo comportamento, como chefes, se tornou excessivamente notável, mantiveram, num segredo impenetrável, todos estes seus cúmplices, nunca descobertos. Por isso podemos dizer hoje, de acordo com as revelações que vieram a lume durante a Restauração, que Bonaparte soube tão pouco da gravidade dos perigos que correu então, como a Inglaterra dos perigos em que a colocava o campo de Bolonha; e no entanto não houve período em que a polícia fosse dirigida com mais inteligência e habilidade.

Na altura em que esta nossa história principia, um cobarde, costuma encontrar-se sempre nas conspirações não restritas a um pequeno número de homens igualmente fortes, um conjurado, posto frente a frente com a morte, fornecia indicações, felizmente insuficientes, quanto à sua extensão, mas assaz precisas quanto ao objectivo do empreendimento.





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