- Muito andarilha é, menina Goujet - disse o cura, sorrindo.
- Mas - voltou ela - vejo-vos preocupados com as idas e vindas de uma rapariga de vinte e três anos, e procuro explicá-las.
- Os primos hão-de voltar, ela será rica, acabará por sossegar - obtemperou o bom do Hauteserre.
- Deus queira! - exclamou a idosa senhora, pegando na caixa de rapé, de oiro que voltara à luz do dia depois do Consulado.
- Temos, novidades cá pela terra - disse o bom Senhor de Hauteserre -; Malin está em Gondreville desde ontem à noite.
- Malin? - exclamou Laurence, desperta por este nome, apesar do seu profundo sono.
- É verdade - afirmou o cura -; mas vai-se embora esta noite, e muita coisa se diz a respeito desta viagem precipitada.
- Esse homem - observou Laurence - é o gênio mau das nossas duas casas.
A jovem condessa acabava de sonhar com os primos e os Hauteserre, e vira-os ameaçados. Os seus lindos olhos tornaram-se fixos e ternos ao lembrar-se dos perigos que todos eles corriam em Paris; levantou-se bruscamente e subiu para o seu quarto, sem dizer palavra. Vivia no quarto nobre, junto ao qual havia um gabinete e um oratório, no torreão que olhava para a floresta. Quando saiu do salão, os cães ladraram" tocaram à cancela e Durieu apareceu, assustado, no salão:
- Está ali o mairel Há qualquer coisa de novo - disse ele.
Este maire, antigo picador da casa de Sim eu se, vinha algumas vezes ao castelo, onde, por uma questão política, os de Hauteserre lhe testemunhavam uma deferência a que ele atribuía o mais alto preço.