Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 37: Capítulo 37 Pág. 192 / 258

- Ainda bem que Ned Land não nos acompanhou - disse Conselho.

- Por que você diz isso?

- Ele haveria de querer exterminá-las todas - indicou com o olhar as milhares de focas.

- Todas, é exagero, meu caro. Na verdade eu creio que não conseguiríamos impedir que o nosso amigo canadiano arpoasse algumas delas.

Isso não agradaria nem um pouco ao Capitão Nemo.

- Como posso classificar esses animais, professor? - perguntou-me Conselho. Eu já esperava essa pergunta.

- São focas e morsas. Esses nomes lhe bastam.

- De fato, professor. São dois gêneros que pertencem à família dos pinípedes, ordem dos carnívoros, grupo dos unguiculados, subclasse dos monodelfininos, classe dos mamíferos, ramo dos vertebrados.

Eu invejava a incrível memória do meu criado.

- Muito bem, Conselho. Mas esses dois gêneros, focas e morsas, dividem-se em espécies e, se não me engano, teremos oportunidade de observá-las aqui. Vamos.

Eram oito horas da manhã. Restavam-nos quatro até o momento em que o sol poderia ser utilmente observado. Dirigimo-nos para uma vasta baía que era recortada na falésia granítica da margem.

Ali, a perder de vista, as terras e os pedaços de gelo estavam cobertos de mamíferos marinhos e, involuntariamente, procurei o velho Proteu, o pastor mitológico dos imensos rebanhos de Netuno. Eram principalmente focas, que formavam grupos distintos, machos e fêmeas, o pai vigiando a sua família, a mãe aleitando os filhos, alguns jovens já fortes dando alguns passos, emancipando-se.

Repousando em terra, esses animais assumiam atitudes extremamente graciosas.





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