- Um incidente, capitão?
- Não, professor, desta vez é um acidente.
- Grave?
- Talvez. Mas não há perigo imediato. O “Nautilus” encalhou devido a um capricho da natureza e não à imperícia dos meus homens. Não foi cometido um único erro nas nossas manobras. Pode-se desafiar as leis humanas, mas não se pode resistir às leis da natureza. Sobre o acidente, a resposta dele não nos esclareceu nada.
- Pode me dizer qual a causa do acidente, capitão?
- Um enorme bloco de gelo, uma montanha inteira, virou-se. Quando os icebergs são minados na base por águas mais quentes ou por repetidos choques, o seu centro de gravidade sobe. Então, viram-se ao contrário. Foi o que aconteceu. Um desses blocos ao virar-se bateu no meu barco que flutuava sob as águas. Depois, deslizando-lhe por baixo do casco e elevando-o com força irresistível, arrastou-o para camadas menos densas, onde se encontra deitado de flanco.
- As providências...
- Já estão sendo tomadas, professor. Os reservatórios estão sendo esvaziados e o senhor pode ouvir as bombas funcionando. O ponteiro do manômetro indica que o “Nautilus” está a subir, mas o bloco de gelo sobe também. Até que um obstáculo de qualquer ordem detenha a ascensão dele a nossa situação não se alterará.
O capitão não tirava os olhos do manômetro. De repente sentimos um movimento do casco e o submarino começou a se endireitar.