Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 7: Capítulo 7 Pág. 20 / 258

Embora tivesse sido surpreendido por essa queda inesperada, conservei minha presença de espírito. O mergulho na água não me fez perder o controle de minhas ações. Com dois vigorosos impulsos voltei à superfície. O meu primeiro reflexo foi tentar localizar a fragata.

As trevas eram profundas. Descortinei uma massa negra que desaparecia para leste e cujos focos de luz se desvaneciam no horizonte. Era a fragata e eu me senti perdido. Com braçadas desesperadas nadei na direção dela, gritando por socorro. As minhas roupas me atrapalhavam, colando-se ao meu corpo e me impedindo os movimentos. Afogava-me. Sufocava. Minha boca se enchia de água. Debatia-me, arrastado para o abismo. Já me desesperava de fazer mais qualquer esforço, quando me senti agarrado por uma mão vigorosa que me levou de volta à tona.

- Se o senhor fizer o favor de se apoiar no meu ombro, nadará muito mais à vontade.

Reconheci a voz de meu fiel criado e me agarrei ao braço dele.

- O choque o lançou ao mar ao mesmo tempo que a mim? - perguntei.

- De maneira nenhuma. Mas uma vez que estou ao serviço do senhor, tinha de segui-lo.

O valente rapaz achava isso natural.

- E a fragata?

- Acho que o senhor não pode contar com ela. No momento em que me atirei ao mar ouvi os homens gritando que a hélice e o leme haviam se quebrado.

- Partiram-se?

- Sim. Foi o dente do monstro. Penso que foi a única avaria sofrida pela fragata. Mas, infelizmente para nós, ela não ficou em condições de se governar.

- Então estamos perdidos!

- Talvez - respondeu-me Conselho, tranquilamente. - No entanto ainda temos algumas horas à nossa frente e durante esse tempo muita coisa pode acontecer.





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