Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 43: Capítulo 43 Pág. 241 / 258

Durante todo o dia de 31 de maio, o “Nautilus” descreveu no mar uma série de círculos que me intrigaram bastante. Parecia procurar um local difícil de encontrar. Ao meio-dia, foi o próprio Capitão Nemo quem fez o ponto. Não me dirigiu a palavra. Pareceu-me mais sombrio do que nunca. Que é que o entristecia assim? Seria a proximidade das costas europeias? Sentiria saudades da pátria abandonada? Ou então seriam remorsos, mágoas? Esse pensamento ocupou-me durante bastante tempo e tive como que um pressentimento de que o acaso em breve trairia os segredos do capitão.

No dia seguinte, 1.° de junho, o “Nautilus” manteve-se na mesma região. Era evidente que procurava reconhecer um ponto exato do oceano. O Capitão Nemo foi medir a altura dó sol, como na véspera. O mar estava belo e o céu puro. A oito milhas para leste, um grande navio a vapor desenhava-se na linha do horizonte. Não tinha qualquer bandeira içada no mastro.

O capitão Nemo, alguns minutos antes do sol passar o meridiano, pegou no sextante e observou com extrema atenção. A calma absoluta das águas facilitava essa operação. O “Nautilus”, imóvel, não acusava a ondulação.

Encontrava-me na plataforma, quando, terminada a observação, o Capitão Nemo pronunciou estas palavras:

- É aqui!

Depois desceu pelo alçapão. Teria visto o navio, que modificara a direção e parecia dirigir-se para nós? Eu não sabia.

Voltei ao salão. O alçapão foi fechado e ouvi o ruído da água entrar nos reservatórios. O “Nautilus” começou a mergulhar, seguindo uma linha vertical, porque a sua hélice, parada, não lhe comunicava qualquer movimento.

Minutos mais tarde, parava a uma profundidade de oitocentos e trinta e três metros e repousava no solo.





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