Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 45: Capítulo 45 Pág. 256 / 258

São então aspirados, não só navios como baleias e ursos brancos das regiões boreais. Era para ali que o “Nautilus”, voluntária ou involuntariamente, tinha sido conduzido pelo seu capitão. Descrevia uma espiral cujo raio diminuía cada vez mais. Tal como ele, o bote, ainda preso no casco, era levado com uma velocidade vertiginosa. Sentia-o. Experimentava aquele estonteamento relativo que sucede a um movimento giratório demasiado prolongado. Estávamos em pânico, completamente horrorizados, com a respiração suspensa, paralisados, percorridos por suores frios como os da agonia. E que barulho à nossa volta! Que rugidos, repetidos pelo eco a uma distância de várias milhas! Que ruído faziam as águas atiradas contra as rochas pontiagudas do fundo, onde até os corpos mais duros se quebram, onde os troncos das árvores se destroem e fazem “uma manta de pêlos”, segundo a expressão norueguesa.

Que situação! Éramos furiosamente fustigados! O “Nautilus” defendia-se como um ser humano. Os seus músculos de aço estalavam. Por vezes erguia-se e nos levava com ele.

- Temos de nos aguentar - disse Ned - e tornar a aparafusar as porcas!

Só continuando presos ao “Nautilus” poderemos ainda nos salvar.

Mal tinha acabado de falar, ouviu-se um estalido e o bote, arrancado do seu alvéolo, era lançado como a pedra de uma funda no meio do turbilhão.

Bati com a cabeça num ferro e, devido ao violento choque, perdi os sentidos.





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