Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 10: Capítulo 10 Pág. 37 / 258

- As suas ordens, senhor.

Segui o Capitão Nemo e assim que passei pela porta da cela encontrei-me numa espécie de corredor iluminado eletricamente. Após um percurso de cerca de dez metros, abriu-se uma segunda porta. Acompanhei-o e entramos numa sala de jantar decorada e mobiliada com austeridade. No meio dela encontrava-se uma mesa ricamente servida.

O Capitão Nemo indicou-me o lugar que devia ocupar.

- Instale-se, professor, e sirva-se à vontade.

A refeição era composta por pratos de origem marinha e de outras iguarias cuja natureza e origem eu ignorava completamente. Eram todos bons, embora tivessem um sabor estranho. No entanto, habituei-me com facilidade a ele.

Para não fazermos toda a refeição em silêncio, provoquei-o com o seu assunto predileto

- O capitão ama o mar - falei-lhe.

- Sim, amo-o. O mar é tudo. Cobre sete décimos do globo terrestre. O seu hálito é são e puro. É um imenso deserto onde o homem nunca está só. O mar é o veículo de uma existência sobrenatural e prodigiosa. É movimento e amor. É o infinito vivo, como afirmou um dos seus poetas. Nele reina a suprema tranquilidade. O mar não pertence aos déspotas. Ah! O senhor professor deveria viver no seio dos mares! Só aí há independência. Aí não reconheço amos! Sou livre!

Ele estava empolgado. Depois, acalmou-se e a sua fisionomia retomou a habitual frieza. Finalmente disse-me:

- Agora, professor, se desejar visitar o “Nautilus”, estou ao seu dispor.





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