Cumprimentou-me e me perguntou se o acompanharíamos na caçada. Respondi afirmativamente, esperando que ele me dissesse alguma coisa sobre o seu sumiço dos últimos dias. Mas ele não fez referência a isso e eu me abstive de lhe fazer qualquer pergunta sobre o assunto. Contudo, lembrando-me de que o convite dele se referia a uma caçada “nas minhas florestas da ilha Crespo”, perguntei lhe:
- Como é possível que possua florestas na ilha Crespo, capitão, se afirma ter cortado todos os seus contatos com a terra?
- As florestas que possuo, professor, não exigem do sol nem a sua luz, nem o seu calor. Não são frequentadas nem por leões, nem por tigres, nem por panteras. Só eu as conheço, só existem para mim. Não são florestas terrestres, mas submarinas.
- Florestas submarinas!
- Exatamente, professor.
- E quer levar-me para caçar nelas?
- De espingarda na mão e a pé seco, professor.
Olhei o comandante do “Nautilus” com um ar que nada tinha de lisonjeiro para ele. “Decididamente está louco”, pensei. “Deve ter tido um ataque de loucura o que explica o seu desaparecimento nos últimos oito dias. É uma pena! Eu o preferia estranho, como sempre me parecera, a louco como me parece agora”, raciocinei, enquanto ele me olhava com um leve sorriso.
- Por convidá-lo a ir caçar comigo nas minhas florestas da ilha Crespo, professor - disse-me ele - julgou que eu estaria em contradição com as minhas convicções. Quando lhe informei que se tratava de florestas submarinas, passou a pensar que estou louco.
- Mas, capitão, creia que...