Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 15: Capítulo 15 Pág. 53 / 258

Ouvi uma porta munida de obturadores fechar-se atrás de nós e fomos envolvidos por uma profunda obscuridade.

Passados alguns minutos, ouvi um forte silvo, ao mesmo tempo que sentia uma impressão de frio subir-me dos pés ao peito. Era evidente que, por meio de uma torneira, tinham dado entrada à água que invadia o compartimento. Uma segunda porta existente no costado do “Nautilus” abriu-se então e vimos uma certa claridade. Após um instante, pisávamos o fundo do mar.

O Capitão Nemo ia à frente, enquanto o seu companheiro nos seguia a alguns passos de distância. Conselho e eu íamos muito perto um do outro, como se fosse possível qualquer conversa através de nossas carapaças metálicas. A luz do sol iluminava as águas até dez metros de profundidade e surpreendia-me com a sua intensidade. Os raios solares atravessavam com facilidade aquela massa líquida, atenuando-lhe a coloração.

Começamos a andar sobre uma areia fina, uniforme, sem rugosidade. Aquele tapete extraordinário, verdadeiro refletor, reproduzia os raios solares resultando disso uma intensa reverberação que penetrava todas as moléculas líquidas. Mesmo para mim que estava presenciando o fenômeno, era incrível que a uma profundidade de dez metros, podia ver tão bem como em pleno dia.

Fomos avançando por uma vasta planície que parecia não ter limites. Eu afastava com a mão as cortinas líquidas, que se tornavam a fechar atrás de mim, e o vestígio dos meus passos logo desaparecia sob a pressão da água. Em breve algumas silhuetas de objetos, que eu mal distinguia à distância, foram tomando forma.





Os capítulos deste livro