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Capítulo 45: A chuva de sangue

Página 445

«- O que me não impedirá, se durante o jantar a tempestade amainar, de me pôr novamente a caminho - redarguiu o joalheiro.

«- É o mistral - disse Caderousse, abanando a cabeça. - Temos mau tempo para durar até amanhã.

«E soltou um suspiro.

«- Paciência - declarou o joalheiro, sentando-se à mesa.

Tanto pior para os que estão lá fora.

«- Sim, passarão uma má noite - concordou a Carconte.

«O joalheiro principiou a jantar e a Carconte continuou a dispensar-lhe todas as pequenas atenções de uma hospedeira atenta. Ela, habitualmente tão rabugenta e desabrida, tornara-se um modelo de eficiência e cortesia. Se o joalheiro a tivesse conhecido antes, tão grande mudança não teria, decerto, deixado de lhe inspirar algumas suspeitas. Quanto a Caderousse, não dizia nada; continuava a passear e até parecia hesitar em olhar o hóspede. Quando o jantar terminou, o próprio Caderousse foi abrir a porta.

«- Parece-me que a tempestade amainou - disse.

«Mas naquele momento, como que para o desmentir, um enorme trovão abalou a casa e uma rajada de vento e chuva entrou pela casa dentro e apagou o candeeiro.

«Caderousse voltou a fechar a porta e a mulher acendeu uma vela no braseiro prestes a extinguir-se.

«- Pronto - disse ela ao joalheiro. - Deve estar cansado. Pus lençóis lavados na cama; suba, deite-se e durma bem.

«Joannès ficou ainda um instante, para se assegurar de que a tempestade não amainava, e quando adquiriu a certeza de que a trovoada e a chuva iam em aumento, deu as boas-noites aos seus hospedeiros e subiu a escada.

«Passou-me por cima da cabeça e ouvi os degraus estalarem-lhe debaixo dos pés.

«A Carconte seguiu-o com olhar ávido, enquanto Caderousse, pelo contrário, lhe virava as costas e nem sequer olhava para o seu lado.

«Todos estes pormenores, que desde então me têm acudido várias vezes ao espírito, não me impressionaram absolutamente nada na altura em que se passaram, diante dos meus olhos. No fim de contas, não havia nada de mais natural e, exceptuando a história do diamante, que me parecia um bocadinho inverossímil, tudo o resto era normalíssimo. Por isso, como estava exausto e eu próprio também desejava aproveitar a primeira aberta do temporal, resolvi dormir umas horas e pôr-me a andar no meio da noite.

«Ouvia, no quarto de cima, o joalheiro tomar por seu turno todas as disposições para passar a noite o melhor possível. A cama não tardou a ranger debaixo dele; acabava de se deitar

«Sentia os olhos fecharem-se, mal-grado meu, e como não concebera nenhuma suspeita não tentei lutar contra o sono. Lancei um último olhar à cozinha.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 445

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069