O Conde de Monte Cristo - Cap. 62: Os fantasmas Pág. 598 / 1080

- Tenho a certeza de que sou o primeiro a chegar! - gritou-lhe Morrel. - Vim propositadamente mais cedo para o ter um instante para mim só, antes de toda a gente. Julie e Emmanuel mandam-lhe milhões de cumprimentos. Ah! Sabe que tudo isto aqui é magnífico? Diga-me uma coisa, conde: a sua gente cuidará do meu cavalo como deve ser?

- Esteja tranquilo, meu caro Maximilien, eles sabem o que fazem.

- É que ele precisa de ser esfregado com palha. Se visse o andamento que trouxe! Uma verdadeira tromba!

- Acredito. Nem outra coisa era de esperar de um cavalo de cinco mil francos! - redarguiu Monte-Cristo, no tom em que um pai falaria a um filho.

- Lamenta-os? - perguntou Morrel, com um sorriso franco.

- Eu? Deus me defenda! - respondeu o conde. - Não. Só lamentaria que o cavalo não fosse bom.

- É tão bom, meu caro conde, que o Sr. de Château-Renaud, o homem mais conhecedor de França, e o Sr. Debray, que monta os árabes do ministério, correm atrás de mim neste momento, um pouco distanciados, como vê, e ainda são seguidos pelos cavalos da baronesa Danglars, que vêm num trote que lhes permite percorrer com facilidade as suas seis léguas por hora.

- Seguem-no, então? - perguntou Monte-Cristo.

- Olhe, aí os tem!

Com efeito, naquele preciso momento um cupé com a parelha toda fumegante e dois cavalos de sela já sem fôlego chegavam diante do portão da casa, que se abriu diante deles. O cupé descreveu imediatamente o seu círculo e foi parar diante da escadaria, seguido dos dois cavaleiros.

Num instante, Debray desmontou e chegou à portinhola. Ofereceu a mão à baronesa, que ao descer lhe fez um sinal imperceptível para todos, excepto para Monte-Cristo.

Mas o conde não perdia nada, e naquele gesto viu brilhar um bilhetinho branco, tão imperceptível como o sinal, e que passou, com uma facilidade que indicava o hábito de semelhante manobra, da mão da Sr.ª Danglars para a do secretário do ministro.

Atrás da mulher desceu o banqueiro, pálido como se saísse do sepulcro em vez de sair do seu cupé. A Sr.ª Danglars lançou à sua volta um olhar rápido e investigador, que Monte-Cristo foi o único a compreender, e no qual abarcou o pátio, o peristilo e a fachada da casa.

Depois, reprimindo uma leve emoção, que sem dúvida se lhe reflectiria no rosto se fosse permitido ao seu rosto empalidecer, subiu a escadaria ao mesmo tempo que dizia a Morrel:

- Se o senhor fosse um dos meus amigos, perguntar-lhe-ia se o seu cavalo está à venda.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069