O Conde de Monte Cristo - Cap. 1: Marselha - A Chegada Pág. 6 / 1080

Dantès sorriu.

- Ah, ah! - exclamou o armador. - Agora já me não admira que ela tenha vindo três vezes pedir-me notícias do Pharaon. Apre, Edmond, escusa de se queixar, tem ali uma bonita amante!

- Não é minha amante, senhor - observou gravemente o jovem marinheiro -, é minha noiva.

- É tudo a mesma coisa - comentou o armador, rindo.

- Mas não para nós, senhor - respondeu Dantès.

- Pronto, pronto, meu caro Edmond - prosseguiu o armador - não o retenho mais. Cuidou tão bem dos meus negócios que merece que lhe dê todo o tempo de que precisar para tratar dos seus. Precisa de dinheiro?

- Não, senhor. Tenho todos os meus vencimentos de viagem, isto é, perto de três meses de soldo.

- Você é um rapaz ajuizado, Edmond.

- Acrescente que tenho um pai pobre, Sr. Morrel.

- Sim, sim, sei que é um bom filho. Pronto, vá ver o seu pai.

Também tenho um filho e levaria muito a mal a quem, depois de uma viagem de três meses, o retivesse longe de mim.

- Nesse caso, se me dá licença... - disse o jovem cumprimentando.

- Dou, se não tem mais nada a dizer-me.

- Não.

- O comandante Leclère não lhe deu, ao morrer, uma carta para mim?

- Foi-lhe impossível escrever, senhor. Mas isso recorda-me que desejo pedir-lhe quinze dias de licença.

- Para se casar?

- Primeiro; depois para ir a Paris.

- Pois sim, pois sim, tome o tempo que quiser, Dantès. Levaremos bem seis semanas a descarregar o navio e não voltaremos ao mar antes de três meses... Mas daqui a três meses tem de estar de volta. O Pharaon - continuou o armador, batendo no ombro do jovem marinheiro - não poderia partir sem o seu comandante.

- Sem o seu comandante! - exclamou Dantès, com os olhos brilhantes de alegria. - Veja bem o que diz, senhor, pois acaba de corresponder às mais secretas esperanças do meu coração. Será sua intenção nomear-me comandante do Pharaon?

- Se fosse sozinho, estender-lhe-ia a mão, meu caro Dantès, e dir-lhe-ia: «Está feito.» Mas tenho um sócio e você conhece o provérbio italiano: «Che a compàgno a padróne.» Mas pelo menos metade do caminho está andado, porque de dois votos já pode contar com um. Confie em mim para obter o outro.

- Oh, Sr. Morrel! - exclamou o jovem marinheiro com as lágrimas nos olhos, pegando nas mãos do armador. - Agradeço-lhe, Sr. Morrel, em nome de meu pai e de Mercédès.

- Está bem, está bem, Edmond. Há um Deus no Céu para as pessoas dignas, que diabo! Vá ver o seu pai, vá ver Mercédès e procure-me depois.

- Não quer que o leve a terra?

- Não, obrigado. Fico a tratar das minhas contas com Danglars. Ficou satisfeito com ele durante a viagem?





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069