O Conde de Monte Cristo - Cap. 69: As informações Pág. 655 / 1080

- Estou às suas ordens, senhor - disse o abade, com um acento italiano dos mais pronunciados.

- A missão de que me encarregaram, senhor - começou o visitante, vincando cada uma das palavras, como se tivessem dificuldade em sair -, é uma missão de confiança para quem a desempenha e para a pessoa junto da qual a desempenha.

O abade inclinou-se.

- Sim - prosseguiu o desconhecido -, a sua probidade, Sr. Abade, é tão conhecida do Sr. Prefeito da Polícia que ele deseja saber do senhor, como magistrado, uma coisa que interessa à segurança pública em nome da qual o venho procurar. Esperamos, portanto, Sr. Abade, que não haja nem laços de amizade nem consideração humana que possam levá-lo a ocultar a verdade à justiça.

- Conquanto, senhor, que as coisas que deseja saber não briguem em nada com os escrúpulos da minha consciência. Sou padre, senhor, e os segredos da confissão, por exemplo, devem ficar entre mim e a justiça de Deus, e não entre mim e a justiça humana.

- Oh, esteja tranquilo, Sr. Abade! - disse o desconhecido. - Seja em que circunstâncias for, respeitaremos a sua consciência.

Ao ouvir estas palavras, o abade carregou do seu lado no quebra-luz, o qual se levantou do lado oposto, de forma que, embora iluminasse em pleno rosto o desconhecido, deixava a cara do abade na sombra.

- Perdão, Sr. Abade - disse o enviado do Sr. Prefeito da Polícia -, mas essa luz fere-me horrivelmente a vista.

O abade baixou o cartão verde.

- Agora, senhor, escuto-o. Fale.

- Vou direito ao assunto. Conhece o Sr. Conde de Monte-Cristo?

- Refere-se ao Sr. Zaccone, presumo?...

-Zaccone! ... Não se chama portanto Monte-Cristo?

- Monte-Cristo é o nome de uma terra, ou antes, de um rochedo, e não um nome de família.

- Pois seja. Não discutamos as palavras, e visto o Sr. de Monte-Cristo e Sr. Zaccone serem o mesmo homem...

- Absolutamente o mesmo.

- Falemos do Sr. Zaccone.

- Pois sim.

- Conhece-o?

- Perfeitamente.

- Quem é?

- O filho de um rico armador de Malta.

- Sim, bem sei, é o que se diz. Mas, como o senhor compreende, a Polícia não se pode contentar com um diz-se...

- No entanto - prosseguiu o abade, com um sorriso afabilíssimo -, quando esse diz-se é a verdade, toda a gente se deve contentar com ele e é necessário que a Polícia proceda como toda a gente.

- Mas o senhor tem a certeza do que diz?

- Como? Se tenho a certeza?!

- Note, senhor, que não duvido de forma alguma da sua boa-fé. Limito-me a perguntar: tem a certeza?

- Ouça, eu conheci o Sr. Zaccone pai.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069