O Conde de Monte Cristo - Cap. 93: Valentine Pág. 881 / 1080

Correu para ela. A jovem sorriu.

- Sossegue, avô - disse a Noirtier. - Tranquilize-se, Maximilien. Isto não é nada e já passou. Mas ouçam: não é o barulho de uma carruagem que ouço no pátio?

Abriu a porta de Noirtier, correu à janela do corredor e voltou precipitadamente.

- Sim - disse -, é a Sr.ª Danglars e a filha que nos vêm visitar. Adeus, vou-me embora antes que me venham procurar aqui; isto é, até breve, fique com o avozinho, Maximilien, pois prometo não me demorar.

Morrel seguiu-a com a vista, viu-a fechar a porta e ouviu-a subir a escadinha que levava simultaneamente aos aposentos da Sr.ª de Villefort e aos dela própria.

Logo que a jovem desapareceu, Noirtier fez sinal a Morrel para ir buscar o dicionário. Morrel obedeceu. Orientado por Valentine, depressa se habituara a compreender o velho.

No entanto, por mais prático que estivesse, como era preciso passar em revista parte das vinte e quatro letras do alfabeto e encontrar cada palavra no dicionário, só ao cabo de dez minutos o pensamento do velho foi traduzido por estas palavras:

«Mande buscar o copo de água e a garrafa que estão no quarto de Valentine.»

Morrel chamou imediatamente o criado que substituíra Barrois e, em nome de Noirtier, deu-lhe aquela ordem.

O criado regressou pouco depois.

A garrafa e o copo estavam completamente vazios.

Noirtier fez sinal de que queria falar.

- Por que motivo estão o copo e a garrafa vazios? - perguntou. - Valentine disse que só bebeu metade do copo.

A tradução desta nova pergunta levou mais cinco minutos.

- Não sei - respondeu o criado. - Mas a criada de quarto está nos aposentos de Mademoiselle Valentine. Foi talvez ela quem os despejou.

- Pergunte-lhe - disse Morrel, traduzindo desta vez o pensamento de Noirtier pelo olhar.

O criado saiu e voltou quase imediatamente.

- Mademoiselle Valentine passou pelo seu quarto para ir ao da Sr.ª de Villefort - informou. - E ao passar, como tinha sede, bebeu o que restava no copo. Quanto à garrafa, o Sr. Édouard despejou-a para fazer um lago para os seus canários.

Noirtier ergueu os olhos ao céu como um jogador que arrisca numa jogada tudo o que possui.

Em seguida, os olhos do velho fixaram-se na porta e não deixaram mais essa direcção.

Fora, com efeito, a Sr.ª Danglars e a filha que Valentine vira. Tinham-nas conduzido ao quarto da Sr.ª de Villefort, que dissera recebê-las nos seus aposentos. Por isso, Valentine passara pelo seu quarto, que ficava no mesmo andar do da madrasta, apenas separados pelo de Édouard.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069