O Conde de Monte Cristo - Cap. 96: O contrato Pág. 907 / 1080

Às quatro ou cinco horas que lhe restavam até às nove gastou-as Andrea em voltas, em visitas destinadas a interessar os amigos de que falara a aparecerem em casa do banqueiro com todo o luxo das suas carruagens, deslumbrando-os com promessas de acções que desde então fizeram todas as cabeças andar à roda e de que naquele momento Danglars tinha a iniciativa.

Com efeito, às oito e meia o grande salão de Danglars, a galeria contígua a esse salão e os três outros salões do mesmo andar estavam cheios de uma multidão perfumada que atraia muito pouco a simpatia, mas muito a irresistível necessidade de estar onde se sabe haver novidades.

Um académico diria que as festas de sociedade são colecções de flores que atraem borboletas inconstantes, abelhas famintas e zangãos zumbidores.

Escusado será dizer que os salões estavam resplandecentes de velas, a luz jorrava das molduras douradas dispostas nas paredes forradas de seda e todo o mau gosto do mobiliário, que tinha apenas a seu favor a riqueza, resplandecia estrepitosamente.

Mademoiselle Eugénie estava vestida com a mais elegante simplicidade: vestido de seda branca e brocado da mesma cor, uma rosa branca meio escondida nos seus cabelos de um negro de azeviche, e pronto, era tudo quanto constituía a sua toilette, que não enriquecia a mais pequena jóia.

Poder-se-ia no entanto ler nos seus olhos uma segurança perfeita, que desmentia o que aquela cândida toilette tinha de vulgarmente virginal a seus próprios olhos.

A Sr.ª Danglars, a trinta passos dela, conversava com Debray, Beauchamp e Château-Renaud. Debray entrara naquela casa para assistir à grande solenidade, mas como toda a gente e sem nenhum privilégio especial.

O Sr. Danglars, rodeado de deputados e financeiros, explicava uma teoria de novas contribuições que esperava pôr em prática quando a força das circunstâncias obrigasse o governo a chamá-lo ao ministério.

Andrea, segurando pelo braço um dos mais elegantes dandys da ópera, explicava-lhe com bastante impertinência, atendendo a que necessitava de ser insolente para parecer à vontade, os seus projectos de vida futura e os progressos de luxo que contava fazer com as suas setenta e cinco mil libras de rendimento na fashion parisiense.

A multidão geral percorria os salões como um fluxo e um refluxo de turquesas, rubis, esmeraldas, opalas e diamantes.

Como sempre, notava-se serem as mulheres mais velhas as mais arrebicadas e as mais feias as que se exibiam mais obstinadamente.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069