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Capítulo 97: A estrada da Bélgica

Página 913

- Escuta, Louise: horroriza-me esta vida de sociedade, ordenada, compassada, pautada como o nosso papel de música. O que sempre desejei. ambicionei, quis, foi a vida de artista, a vida livre, independente, onde cada um só depende de si, onde só tem de dar contas a si próprio. Ficar para quê? Para daqui a um mês tentarem voltar a casar-me? E com quem? Talvez com o Sr. Debray, como se chegou a aventar. Não, Louise; não, a aventura desta noite servir-me-á de pretexto. Não o procurei, nem o pedi; Deus manda-me este e é bem-vindo.

- Como és forte e corajosa! - exclamou a loura e frágil rapariga à sua morena companheira.

- Ainda não me conheces? Vamos, Louise, tratemos das nossas coisas. A carruagem de posta...

- Comprámo-la sem dificuldade há três dias.

- Mandaste levá-la para onde a devemos tomar?

- Mandei

- O nosso passaporte?

- Ei-lo! Eugénie desdobrou um papel e leu, com a sua arrogância habitual: “Sr. Léon de Armilly, de vinte anos, de profissão artista, cabelos pretos, olhos pretos, que viaja com sua irmã...”

- Óptimo! Por intermédio de quem arranjaste este passaporte?

- Quando fui pedir ao Sr. de Monte-Cristo cartas para os directores dos teatros de Roma e Nápoles, exprimi-lhe os meus receios de viajar como mulher. Ele compreendeu-os perfeitamente e pôs-se à minha disposição para me arranjar um passaporte de homem, e dois dias depois recebi este, ao qual acrescentei pelo meu punho: «... que viaja com a sua irmã»

- Pronto, agora trata-se apenas de fazer as malas! - exclamou alegremente Eugénie. - Partimos na noite da assinatura do contrato em vez de partirmos na noite do casamento; é a única alteração.

- Pensa bem, Eugénie...

- Oh, já pensei! Estou cansada de ouvir falar de prorrogações, de fins de mês, e alta, de baixa, de fundos espanhóis, de papel haitiano. Em vez disso, Louise, compreendes, o ar, a liberdade, o canto dos passarinhos, as planícies da Lombardia, os canais de Veneza, os palácios de Roma, a praia de Nápoles.

Quanto temos? A jovem Louise tirou de uma secretária entalhada uma carteirinha com fechadura, abriu-a e contou vinte e três notas de mil.

- Vinte e três mil francos - informou.

- E outro tanto, pelo menos, em pérolas, diamantes e jóias - disse Eugénie. - Estamos ricas! Com quarenta e cinco mil francos temos para viver como princesas durante dois anos, ou razoavelmente durante quatro. Mas antes de seis meses, tu com a tua música e eu com a minha voz duplicaremos o nosso capital. Vamos, encarrega-te do dinheiro que eu encarrego-me do cofre das jóias. Assim, se uma tiver a pouca sorte de perder o seu tesouro, a outra terá o seu. Agora a mala.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 913

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069