O Conde de Monte Cristo - Cap. 98: A estalagem do sino e da garrafa Pág. 919 / 1080

E Andrea, depois de meter seis moedas de cinco francos na mão do cocheiro, saltou lestamente para a estrada.

O cocheiro, guardou alegremente o dinheiro e retomou a passo o caminho de Paris. Entretanto, Andrea fingiu dirigir-se para a Estalagem do Cavalo Vermelho; mas depois de parar um instante à porta a ouvir o cabriolé afastar-se até desaparecer no horizonte, retomou a sua corrida e, num passo de ginástica muito firme, percorreu mais duas léguas.

Depois, descansou. Devia estar muito perto da Chapelle-en-Serval, aonde dissera que ia.

Não fora a fadiga que obrigara Andrea Cavalcanti a parar; fora a necessidade de tomar uma decisão, de estabelecer um plano.

Meter-se na diligência era impossível; optar pela posta era igualmente impossível. Para viajar de qualquer das maneiras era indispensável um passaporte.

Permanecer no departamento do Oise, ou seja, num dos departamentos mais descampados e vigiados de França, era também impossível, sobretudo tratando-se de um homem tão experiente como Andrea em matéria criminal.

Sentado no parapeito do fosso, Andrea deixou cair a cabeça entre as mãos e reflectiu.

Dez minutos depois levantou a cabeça; a sua resolução estava tomada.

Cobriu de pó todo um lado do sobretudo que tivera tempo de tirar do cabide na antecâmara e vestir por cima do traje de cerimónia. dirigiu-se para a Chapelle-en-Serval e foi bater ousadamente à porta da única estalagem da terra.

O estalajadeiro veio abrir.

- Meu amigo - disse Andrea -, ia de Montrelontaine para Senlis quando o meu cavalo, que é um animal difícil, saltou bruscamente de lado e atirou comigo a dez passos de distância. Ora eu tenho de chegar esta noite a Compiègne, sob pena de causar as mais graves preocupações à minha família; tem um cavalo que me alugue? Bom ou mau, um estalajadeiro tem sempre um cavalo.

O estalajadeiro da Chapelle-en-Serval chamou o moço de estrebaria, ordenou-lhe que selasse o Branco e acordou o filho, um garoto de sete anos, para que acompanhasse o cliente montado na garupa e trouxesse o quadrúpede de volta.

Andrea deu vinte francos ao estalajadeiro e, ao tirá-los da algibeira, deixou cair um cartão de visita.

Esse cartão de visita era de um dos seus amigos do Café de Paris; assim, o estalajadeiro, quando Andrea partiu e apanhou.

O cartão que caíra da algibeira do rapaz, ficou convencido de que alugara o cavalo ao Sr. Conde de Mauicon, Rua de Saint- Dominique, 25, nome e endereço que figuravam no cartão.

O Branco não ia depressa, mas ia num passo igual e constante. Em três horas e meia, Andrea percorreu as nove léguas que o separavam de Compiègne, e davam quatro horas no relógio da câmara municipal quando chegou à praça onde param as diligências.





Os capítulos deste livro

Marselha - A Chegada 1 O pai e o filho 8 Os Catalães 14 A Conspiração 23 O banquete de noivado 28 O substituto do Procurador Régio 38 O interrogatório 47 O Castelo de If 57 A festa de noivado 66 Os Cem Dias 89 O número 34 e o número 27 106 Um sábio italiano 120 A cela do abade 128 O Tesouro 143 O terceiro ataque 153 O cemitério do Castelo de If 162 A Ilha de Tiboulen 167 Os contrabandistas 178 A ilha de Monte-Cristo 185 Deslumbramento 192 O desconhecido 200 A Estalagem da Ponte do Gard 206 O relato 217 Os registos das prisões 228 Acasa Morrel 233 O 5 de Stembro 244 Itália - Simbad, o marinheiro 257 Despertar 278 Bandidos Romanos 283 Aparição 309 A Mazzolata 327 O Carnaval de Roma 340 As Catacumbas de São Sebastião 356 O encontro 369 Os convivas 375 O almoço 392 A apresentação 403 O Sr. Bertuccio 415 A Casa de Auteuil 419 A vendetta 425 A chuva de sangue 444 O crédito ilimitado 454 A parelha pigarça 464 Ideologia 474 Haydée 484 A família Morrel 488 Píramo e Tisbe 496 Toxicologia 505 Roberto, o diabo 519 A alta e a baixa 531 O major Cavalcanti 540 Andrea Cavalcanti 548 O campo de Luzerna 557 O Sr. Noirtier de Villefort 566 O testamento 573 O telégrafo 580 Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588 Os fantasmas 596 O jantar 604 O mendigo 613 Cena conjugal 620 Projetos de casamento 629 No gabinete do Procurador Régio 637 Um baile de Verão 647 As informações 653 O baile 661 O pão e o sal 668 A Sra. de Saint-Méran 672 A promessa 682 O jazigo da família Villefort 705 A ata da sessão 713 Os progressos de Cavalcanti filho 723 Haydée 732 Escrevem-nos de Janina 748 A limonada 762 A acusação 771 O quarto do padeiro reformado 776 O assalto 790 A mão de Deus 801 Beauchamp 806 A viagem 812 O julgamento 822 A provocação 834 O insulto 840 A Noite 848 O duelo 855 A mãe e o filho 865 O suicídio 871 Valentine 879 A confissão 885 O pai e a filha 895 O contrato 903 A estrada da Bélgica 912 A estalagem do sino e da garrafa 917 A lei 928 A aparição 937 Locusta 943 Valentine 948 Maximilien 953 A assinatura de Danglars 961 O Cemitério do Père-lachaise 970 A partilha 981 O covil dos leões 994 O juiz 1001 No tribunal 1009 O libelo acusatório 1014 Expiação 1021 A partida 1028 O passado 1039 Peppino 1049 A ementa de Luigi Vampa 1058 O Perdão 1064 O 5 de Outubro 1069