Os Brilhantes do Brasileiro - Cap. 2: II - 1.600$000 Réis! Pág. 7 / 174

.. - vociferou Barrosas saltando e batendo com os dois pés em cheio no soalho. - E tu... não sei o que será de ti...

- Mata-me que eu não tenho pena de deixar o mundo... - murmurou sossegadamente, mas debulhada em lágrimas, a pálida senhora.

Hermenegildo rolou a sua pessoa fumegante escadas a baixo. Entrou no escritório do administrador, chamou de parte a autoridade, e contou-lhe o ocorrido com a mulher, insinuando o magistrado a sacar da criada o segredo.

- O meu dever é aceitar as declarações voluntárias da criada - disse o administrador. - Não posso incutir-lhe terrores, nem devassar os segredos da vida doméstica de vossa senhoria. Se sua senhora diz que a criada está inocente, a confissão da ré não basta a destruir o depoimento da ama, sendo de mais a mais muito natural que os brilhantes se hajam vendido por consentimento de sua esposa; aliás, desde muito que ela teria dado pela falta. Enfim, sou obrigado a interrogar a ama e a crida, uma na presença da outra.

- Essa vergonha é que eu não quero! - obstou desabridamente o brasileiro.

- O interrogatório há de ser secreto: não há testemunhas que divulguem este ato impreterível de justiça - contraveio a autoridade. - Se sua senhora disser de modo convincente: “a criada cumpriu as minhas ordens”, é certo que a moça não pode ser pronunciada, visto que obedeceu a sua ama; e os desvios dos bens comuns feitos pela esposa não é roubo, nem a cumplicidade da criada é punível. Se sua esposa foi burlada por algum industrioso, e quiser declarar-se, o meu dever é seguir o fio do enredo; mas o que eu não posso é interrogá-la sobre segredos da sua vida íntima. Isso pertence a vossa senhoria mediante processo de outra natureza...

- Então... afinal diz-me vossa senhoria que... - interrompeu o brasileiro, zangado.





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