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Capítulo 2: II - 1.600$000 Réis!

Página 8

- Que vou mandar chamar sua senhora...

- Pois chame! - bradou ele. - Este negócio há de aclarar-se... Não se me importa a vergonha nem o diabo! Eu sou um homem de bem, Sr. Administrador!

- Quem o duvida?

- Ninhos atrás das orelhas não mos fazem!

- Com razão...

- O meu dinheiro quero saber que fim levou...

- Essas averiguações é que são delicadas, Sr. Fialho, - aconselhou a autoridade. - E parecia-me razoável e prudente que vossa senhoria as guardasse para o secreto da sua casa.

- Mas ela não o diz!

- Se o não diz a vossa senhoria, menos o dirá a mim ou ao juiz...

- Diz que deu um conto e seiscentos e cinquenta mil réis de esmolas! O senhor acredita isto?

- Acredito;... porque não? Se ela repartisse por todos os infelizes do Porto essa grande quantia, estou em que não chegaria um pinto a cada pobre.

- Mas então a criada que diga a quem levava as esmolas. Dá-me vossa senhoria licença que eu pergunte?

- Sim, senhor - respondeu o administrador, e, tangendo uma campainha, disse o oficial de diligencias:

- Essa mulher que entre aqui sozinha.

Entrou Vitorina.

- Responda ali a seu amo - disse a autoridade à presa.

Hermenegildo assoou-se, fez duas upas na cadeira, roçou no pavimento as espaciosas plantas, e rompeu neste interrogatório:

- Quem roubou os brilhantes?

- Fui eu, senhor.

- Mentes! Os brilhantes foi tua ama que tos mandou vender!

Vitorina estremeceu, fitou o administrador, e gaguejou palavras imperceptíveis.

- Foi sua ama que mandou vender os brilhantes? - interveio a autoridade.

- Não, senhor... Fui eu que os... furtei.

E as lágrimas derivavam-lhe pelas faces copiosamente.

“Esta mulher está inocente!” disse entre si o interrogador.

- Mentes, desavergonhada! - trovejou o Sr. Fialho, jogando com as catapultas dos braços à cara da criada.

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Capa do livro Os Brilhantes do Brasileiro
Páginas: 174
Página atual: 8

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
I - Aflições sudoríferas 1
II - 1.600$000 Réis! 5
III - Retratos do natural 12
IV - Tribunal de honra 15
V - Considerações plásticas 20
VI - Amigos do seu amigo 26
VII - Revelações cómicas 32
VIII - Revelações tristes 36
IX - Amores fatais 41
X - O Poeta 48
XI - Sonhos e esperanças 55
XII - A Fuga 59
XIII – Desamparo 63
XIV - Via dolorosa 68
XV - Meio milhão! 76
XVI - Por causa do Fígaro 85
XVII - História dos brilhantes 90
XVIII - A Infamada 100
XIX - Amor-próprio 106
XX - O Doente e o doutor 110
XXI - Morre Hermenegildo 119
XXII - Felicidade suprema 123
XXIII - Os homens honestos 132
XXIV - A Opinião pública 135
XXV - O Cego 141
XXVI - A Providência 145
XXVII - Vem rompendo a luz 149
XXVIII - Confidências do cego 154
XXIX - Luz! 162
XXX – Finalmente 168
Conclusão 172
Epílogo 174