O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 4: CAPÍTULO III Pág. 16 / 245

O solo era pedregoso e esburacado; os solavancos da carruagem, que seguia sempre a galope governada por mão de mestre, e o estrepito dos stores embatendo nos caixilhos mal permitiriam conversar.

Tornámos por fim a entrar numa estrada lisa. A carruagem parou ainda uma segunda vez, o cocheiro apeou rapidamente, dizendo:

- Lá vou!

Voltou pouco depois, e eu ouvi alguém que dizia:

- Vão com raparigas para Lisboa.

A carruagem prosseguiu.

Seria uma barreira da cidade? Inventaria o que nos guiava um pretexto plausível para que os guardas nos não abrissem a portinhola? Entender-se-ia com os meus companheiros a frase que eu ouvira?

Não posso dize-lo com certeza.

A carruagem entrou logo depois num pavimento lajeado e daí a dois ou três minutos parou. O cocheiro bateu no vidro, e disse:

- Chegámos.

O mascarado que não tornara a pronunciar uma palavra desde o momento que acima indiquei, tirou um lenço da algibeira e disse-nos com alguma comoção:

- Tenham paciência! perdoem-mo… Assim é preciso!

F… aproximou o rosto, e ele vendou-lhe os olhos. Eu fui igualmente vendado pelo que estava em frente de mim.

Apeámo-nos em seguida e entrámos num corredor conduzidos pela mão dos nossos companheiros. Era um corredor estreito segundo pude deduzir do modo porque nos encontrámos e demos passagem a alguém que saía. Quem quer que era disse:

- Levo a carruagem?

A voz do que nos guiara respondeu:

- Leva.

Demorámo-nos um momento. A porta por onde tínhamos entrado foi fechada à chave, e o que nos servira de cocheiro passou para diante dizendo:

- Vamos!

Demos alguns passos, subimos dois degraus de pedra, tomámos à direita e entrámos na escada. Era de madeira, ingreme e velha, coberta com um tapete estreito.





Os capítulos deste livro