O Mistério da Estrada de Sintra - Cap. 12: CAPÍTULO III Pág. 76 / 245

Se lhes era repugnante serem descobertos, para que procuraram aquele homem? Se lhes era indiferente, para que se mascararam?

E depois, para que era um médico? Era para verificar a morte? Para acudir? Para salvar? Nesse caso então que homens são esses, que em lugar dirá botica mais próxima, a casa do primeiro médico rapidamente, logo, logo, - vão em sossego mascarar-se nos seus quartos, para irem ao crepúsculo, para uma charneca, a duas léguas de distância, representar os velhos episódios de floresta dos dramas de Soulié?

Supunham por ventura que ele estava morto? Para que era então um médico, uma testemunha? E se não receavam as testemunhas para que punham nos seus rostos uma mascara, e nos olhos dos surpreendidos um lenço de cambraia? Comedia! Comedia sempre!

Veja-se o doutor *** diante do cadáver: não há ali uma palavra que seja científica: desde a serenidade das feições até à dilatação das pupilas, tudo é falso naquela descrição sintomática.

E que homens são, o doutor *** e o seu amigo F… que na rua de uma cidade, dentro de uma casa, com os braços livres, não deitam a mão àqueles mascaras? Como é que, sendo generosos e altivos suportam certas violências humilhantes? Como é que, sendo honestos e dignos, aceitam pela sua atitude condescendente uma parte da cumplicidade?

E A. M. C.! Como o representam ali, pueril, nervoso, tímido, imbecil e coato! Ele de uma tão grande força de temperamento! de uma tão enérgica coragem! de um tão altivo sangue frio! Como se pode acreditar naquela astucia infantil, com que o doutor *** o envolve?

- O que admira é que não deixasse vestígios o arsénico!

- Mas foi o ópio! responde M. C., segundo conta o doutor ***.

Qual é a imbecil ingenuidade do homem que possa descer a esta





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