Calafrio - Cap. 19: Capítulo 19 Pág. 121 / 164

— Por amor de Deus, menina! — A expressão do meu rosto e talvez também a minha voz não poderiam ser mais calmas.

— Agiram com uma precisão fantástica — prossegui. — Fizeram tudo pata que o plano por eles arquitectado desse certo. O rapaz arranjou a maneira mais divina de me entreter enquanto a irmã sua.

— «Divina»?—repetiu Mrs. Grose, espantadíssima.

— Ou infernal! — exclamei, e era como se na minha voz fosse possível detectar vestígios de triunfo. — E, ao mesmo tempo que ajudava a irmã, cuidava dos seus próprios interesses. Mas venha daí!

A mulher lançou um olhar sombrio aos pisos superiores.

— Está a pensar deixá-lo com...

— Com o Quint? Claro! Isso agora já não me interessa.

Sempre que me deixava arrastar por aquela espécie de frenesim, a mulher acabava por me pegar na mão, o que tinha o condão de me acalmar. Contudo, ao aperceber-se de que nada seria capaz de deter-me, acabou por perguntar, esperançada:

— Por causa da carta?

A laia de resposta, levei a mão ao bolso, tirei de lá a missiva em causa, e depois, como quem se liberta de um grande peso, coloquei-a em cima da enorme secretária que se encontrava no vestíbulo.

— Esperemos que nos traga sorte — comentei, à medida que voltava a aproximar-me dela. Cheguei junto à porta principal e abri-a; estava já nos degraus.





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