Dirigimo-nos de imediato para o lago, como lhe chamavam em Bly, mas admito que talvez não passasse de um mero lençol de água, menos digno de nota do que se afigurava aos meus olhos pouco experientes. Sabia pouco a respeito de lençóis de água, e o de Bly, nas poucas ocasiões em que, sob a protecção dos meus alunos, me aventurara a cruzar a sua superfície no velho barco ali ancorado para nosso uso, parecera-me muito grande e agitado. A embarcação estava quase sempre ancorada a uns oitocentos metros de distancia da casa, mas algo dentro de mim dizia-me que Flora não se encontrava por perto. Nunca teria corrido tantos riscos por uma aventura sem importância, e, desde o dia em que o fantasma de Miss Jessel se lembrara de nos visitar na margem em frente, apercebera-me de que, quando safamos, havia um ponto que parecia atrair todas as suas atenções. Era esse o motivo que me levava a encaminhar os passos de Mrs. Grose numa direcção concreta, e, quando a mulher se apercebeu para onde nos dirigíamos, opôs alguma resistência, o que me levou a compreender não se ter ela ainda apercebido da situação.
— A menina está a seguir na direcção do lago!. . . Não me diga que acha que ela está...?
— Pode ser que sim, apesar de, por aquilo que pude ver, o lago não ser muito profundo. Contudo, tenho quase a certeza de que o mais provável é ela estar naquele sitio onde vimos aquela coisa que a senhora sabe.
— Quando ela fingiu não estar a ver. . . ?
— Nem calcula o controlo que aquela garotinha revelou! A partir dai, fiquei com a certeza absoluta de que ela ia fazer tudo para voltar aqui sozinha. E agora o irmão arranjou maneira de fazer-lhe a vontade.