Oh, não demorei muito a saber porquê, pois lá estava ela, muito afobada, a virar a esquina.
— Por amor de Deus, que é que se passa? — Ela estava corada e sem fôlego.
Permaneci em silêncio à espera que a mulher se aproximasse um pouco mais.
— Comigo? — Sem dúvida que o meu aspecto devia ser qualquer coisa. — Não me diga que se nota assim tanto?
— Está branca como a cal da parede. Garanto-lhe que não podia estar pior.
Fiz uma pausa pata reflectir. A minha necessidade de proteger Mrs. Grose caíra, sem ruído, de cima dos meus ombros. Estendi-lhe a mão e a mulher segurou-a. Apertei-a com forca durante uns momentos, feliz por senti-la junto a mim. O modo algo envergonhado com que ela demonstrava a surpresa que sentia deu-me algum consolo.
— Veio ao meu encontro para irmos juntas à igreja, mas lamento informá-la de que não o posso fazer.
— Aconteceu alguma coisa?
— Sim. E está na altura de sabê-lo. O meu ar era assim tão estranho?
— Quando a vi pela janela? Horrível!
— Pois bem — disse eu —, estava assustada. — Os olhos de Mrs. Grose indicavam claramente estar ela longe de querer partilhar os meus medos, mas a verdade é que a mulher sabia bem qual era o seu lugar, dai que se mostrasse pronta a dividir comigo tudo o que me atormentava. Oh, e o certo é que não lhe restava qualquer outra alternativa! — Aquilo que acabou de ver através da janela foi apenas o reflexo do que me sucedeu. Aquilo que, escassos momentos antes, vi foi bem pior.