— Para que ela mude? Para que se liberte? — Agarrei-lhe o braço, incapaz de conter a alegria que me dominou. — Isso significa que, mesmo depois do que aconteceu ontem, a senhora acredita. .. ?
— Naquelas coisas? — Bastava olhar para o seu rosto para compreender não serem necessárias mais explicações, e ela acabou por dizer aquilo que não fora até então pronunciado. — Acredito.
Sem dúvida que este era um motivo de alegria. Estávamos as duas no mesmo barco e, desde que continuasse segura do seu apoio, pouco me importava o que viesse a acontecer. O meu ponto de apoio na iminência da catástrofe seria o mesmo que tivera quando, de inicio, precisara de ganhar confiança, e, desde que a minha amiga respondesse pela minha honestidade, então eu mesma me encarregaria de responder pelo resto. De qualquer modo, quando já estávamos prestes a despedir-nos, não consegui evitar um certo embaraço.
— Há ainda uma coisa... Acabei agora de me lembrar... A carta que mandei ao tio e onde lançava o alarme chegará à cidade antes da senhora.
Percebi então como ela estivera até ali com rodeios e como isso a deixava agora desconfortável.
— A sua carta não chegou nem chegará a lado nenhum. A sua carta não chegou sequer a partir.
— Nesse caso, que foi feito dela?
— Só Deus sabe! O menino Miles...
— Quer dizer que ele a tirou? — Fiquei de boca aberta.