— Foi assim tão horrível?
Reparei no modo como a minha colega se debatia para expressar o que lhe ia na alma.
— Absolutamente chocante.
— E tudo a meu respeito?
— Sim, menina, a seu respeito. Por muito que me custe, é mesmo assim. Nunca ouvi nada tão terrível na boca de uma criança daquela idade. Não faço a mínima ideia onde é que ela foi buscar...
— A linguagem nada própria com que fala a meu respeito? Mas eu faço!—E soltei uma gargalhada cujo significado não podia ser mais claro.
Aquilo sã serviu para deixar a minha amiga com um ar ainda mais preocupado.
— Bom, talvez eu também. . . A verdade é que já ouvi parte daquelas coisas antes. De qualquer modo, aquilo é de mais para mim — concluiu a pobre senhora, deitando um olhar ao despertador pousada na mesa-de-cabeceira. — Está na hora de me ir embora.
Retive-a por mais alguns instantes.
— Ah, se acha que aquilo é de mais. . .!
— Quer saber como é que penso resolver o assunto? Levando-a daqui para fora, claro! Para longe de tudo isto, para longe deles! — prosseguiu a mulher.