— Ter de lidar consigo? — perguntei. — Mas, meu querido, por que rumo haveria de incomodar-me? Embora tenha renunciado a servir-lhe de mestra, e o Miles está tão para além das minhas possibilidades, isso não significa que tenha deixado de o considerar uma companhia encantadora. Por que outra razão havia de aqui ficar?
O rapaz lançou-me um olhar penetrante e a expressão do seu rosto, agora bastante grave, impressionou-me pela sua enorme beleza.
— Quer dizer que ficou aqui apenas por isso?
— Claro. Fiquei aqui na qualidade de sua amiga e porque estou interessada em que esta situação se resolva de um modo que lhe seja favorável. Penso que isto não devia surpreendê-lo. — Estava de tal forma nervosa que não consegui evitar que a voz me tremesse. — Já se esqueceu do que lhe disse na noite do temporal, quando entrei no seu quarto? Que não havia nada no mundo que não fizesse por si?
— Sim, sim, eu lembro-me! — Era evidente que ele estava muito mais nervoso que eu, tendo de controlar a voz. No entanto, conseguiu dominar-se na perfeição e soltou até uma gargalhada, fingindo que estávamos ambos a brincar. — Existe apenas um problema: tenho quase a certeza de que, quando fez essa afirmação, queria qualquer coisa de mim.
— Sim, tem toda a razão — admiti. — Mas, como também deve saber, acabei por não conseguir o que queria.
— É verdade — retorquiu ele, mostrando-se um pouco agitado. — Queria que eu lhe dissesse qualquer coisa.