Calafrio - Cap. 6: Capítulo 6 Pág. 41 / 164

— Não acha que lhe fará bem ir até lá? — Não lhes fará bem a eles! — E, com a cabeça, apontei para a casa.

— As crianças?

— Não posso deixá-las sozinhos agora. — Está com medo que...?

Respondi bruscamente:

— Estou com medo dele!

O rosto largo de Mrs. Grose exibiu pela primeira vez aquele brilho que indica uma consciência mais desperta. Sem saber porquê, vislumbrei nele o aparecimento de uma ideia que não fora eu a sugerir e que era ainda obscura para mim. Recordo-me de concluir tratar-se de algo que podia ser partilhado comigo, e pensei que devia existir uma relação directa entre a ideia em causa e a súbito vontade por ela demonstrada de saber mais pormenores.

— Quando foi que o viu... quero dizer, na torre?

— Por volta do meio do mês. Sensivelmente por esta hora.

— Ou seja, quase de noite—concluiu Mrs. Grose.

— Oh, não, de maneira nenhuma! Vi-o tao bem como estou a vê-la a si! — Nesse caso, como é que ele entrou?

— E como é que saiu? — disse eu, soltando uma gargalhada. — Bom, a verdade é que não tive tempo para lhe perguntar! Esta tarde — prossegui —, ele não conseguiu entrar.

— E está sã à espreita?

— Espero bem que não passe disso! — Mrs. Grose já não segurava a minha mão, tendo-se até afastado um pouco. Esperei durante alguns instantes, depois do que sugeri: — Pronto, Mrs. Grose, vá à igreja. Até já! Eu tenho de ficar de guarda.





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