Calafrio - Cap. 9: Capítulo 9 Pág. 64 / 164

Ao certo, tudo se prendia com o facto de, durante vários meses, Quint e o rapaz terem sido inseparáveis. E a verdade é que ela se aventurara a criticar a propriedade, a chamar a atenção para a incongruência de semelhante aliança, tendo mesmo chegado ao ponto de expor o caso a Miss Jessel. Contudo, de uma forma estranha, a preceptora dissera-lhe para não se intrometer naquilo que não lhe dizia respeito, obrigando assim aquela boa mulher a discutir o tema com o pequeno Milles. Depois de muito a pressionar, fiquei a saber que ela lhe tinha dito que um jovem cavalheiro nunca devia esquecer-se da sua posição.

Curiosa, quis saber pormenores.

— Ou seja, recordou-lhe que o Quint não passava de um simples criado?

— Exactamente! E, por um lado, foi a forma como ele respondeu que me desagradou.

— E por outro. .. ? —F iquei à espera. — Ele repetiu as suas palavras a Quint?

— Não, isso não. Ai está algo que ele nunca faria! — A forma como estas palavras foram pronunciadas causou-me uma forte impressão.—Tenho a certeza absoluta de que ele nunca o fez — acrescentou a mulher. — Acontece que o nosso jovem amigo negou determinados factos.

— Factos? Que factos?

— Quando andavam os dois por ai de um lado para o outro, como se Quint fosse o seu tutor (e os ares de importância que o homem se dava!) e Miss Jessel se ocupava apenas da menina. Costumavam sair e passavam horas fora de casa.

— O que ele nunca admitiu, correcto? Dizia que não era verdade, não é isso? — A forma como Mrs. Grose assentiu levou-me de imediato a acrescentar: — Compreendo. Ele mentiu.





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