Calafrio - Cap. 1: Capítulo 1 Pág. 7 / 164

Assim, uma vez instalados em Bly, um local saudável e seguro, colocara na frente do governo da casa — mas apenas no que aos assuntos domésticos se referia — uma excelente mulher, Mrs. Grose, de quem estava certo que a jovem iria gostar, e que já antes exercera o cargo de criada pessoal da mãe. Esta mulher lá ia desempenhando as funções de governanta e, de momento, de preceptora da menina, por quem, e visto não poder ter filhos, tinha grande afeição. Havia ainda imensa gente cuja função era ajudar no que fosse necessário, mas a jovem que aceitasse o lugar de preceptora passaria a gozar de plenos poderes. Para além de se ocupar da garota, teria ainda de cuidar do rapazinho durante as férias, já que ele fora enviado para a escola no período anterior — era muito novo para isso, é certo, mas que outra coisa poderia ser feita? — e que, visto as férias estarem prestes a começar, regressaria a casa de um momento para o outro. Claro que ele tivera o cuidado de contratar uma jovem para olhar pelas duas crianças, mas tinham tido a infelicidade de a perder. Ela cuidara dos sobrinhos de um modo excepcional — sem dúvida que se tratava de uma pessoa digna de respeito — até ao momento em que morrera, uma circunstancia deveras trágica que tivera como consequência imediata o envio do jovem Miles para o colégio interno. Desde então, era Mrs. Grose quem, à sua maneira, se ocupava de Flora. Para além desta senhora, havia ainda uma cozinheira, uma criada cuja missão era cuidar da casa, uma leiteira, um velho palafreneiro e um igualmente velho jardineiro, tudo gente de igual respeitabilidade.

Foi neste momento que alguém interrompeu a narrativa de Douglas para colocar uma questão:

— E de que foi que a primeira preceptora morreu? De um excesso de respeitabilidade?

A resposta do nosso amigo não se fez esperar:

— A seu tempo o saberão. Não estou interessado em antecipar seja o que for.





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