Um Caso Tenebroso - Cap. 11: XI - DESFORRA DA POLÍCIA Pág. 121 / 249

Quando Corentin viu a água, olhou fixamente para Michu, que naturalmente contava com a força que tinha para atirar com ele para aqueles sete pés de lodo sob três pés de água. Michu ripostou-lhe com um olhar não menos fixo. Foi tal qual como se uma dessas jibóias flácidas e frias houvesse desafiado um desses ruivos e fulvos jaguares do Brasil.

- Não tenho sede - ripostou o moscadim, que ficou à beira do prado e meteu a mão na algibeira lateral para agarrar no pequeno punhal. - Não nos podemos entender - disse Michu, friamente.

- Tenha prudência, meu caro; a justiça tem os olhos em cima de si.

- Se ela não vir mais claramente que o senhor, toda a gente corre perigo - tornou-lhe o administrador.

- Recusa? -voltou Corentin, num tom expressivo.

- Preferia mil vezes que me cortassem a cabeça, se porventura pudessem cortar mil vezes a cabeça a um homem, que entrar em entendimentos com um patusco como tu!

Corentin subiu rapidamente para o cabriolet, depois de olhar Michu, o pavilhão e Couraud, que ladrava atrás dele.

Ao passar em Troyes deu algumas ordens e voltou para Paris. Todas as brigadas de gendarmaria receberam senha e instruções secretas.

Durante os meses de Dezembro, Janeiro e Fevereiro, as buscas foram activas e incessantes nas mais pequenas aldeias. Havia ouvidos alerta em todas as tabernas. Corentin soube três coisas importantes: um cavalo parecido com o de Michu fora encontrado morto nas proximidades de Lagny. Os cinco cavalos enterrados na floresta de Nodesme haviam sido vendidos, por quinhentos francos cada um, por rendeiros e moleiros a um homem que, pelos sinais, devia ser Michu.

Quando a lei sobre os encobridores e os cúmplices de Georges foi promulgada, Corentin restringiu a sua Vigilância à floresta de Nodesme.





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