Um Caso Tenebroso - Cap. 11: XI - DESFORRA DA POLÍCIA Pág. 122 / 249

Depois, quando Moreau, os realistas e Pichegru foram presos, não mais, foram vistas caras estranhas na região.

Michu perdeu então o seu lugar. O notário de Arcis entregou-lhe a carta pela qual o conselheiro de Estado, agora senador, pedia a Grévin que fizesse contas com o administrador e 0 despedisse. Em três dias, Michu conseguiu que lhe fosse entregue um quitus em forma e ficou livre. Com grande espanto de toda a gente da região, foi viver para Cinq-Cygne, onde Laurence o admitiu como rendeiro de todas as reservas do castelo. O dia da sua instalação coincidiu, fatalmente, com o da execução do duque de Enghien.

Em quase toda a França se soube ao mesmo tempo da prisão, do julgamento, da condenação e da morte do príncipe, terríveis represálias que precederam o processo de Polignac, Riviêre e Moreau.

Enquanto não estava pronta a casa destinada a Michu, o falso J udas instalou-se nas dependências dos criados do castelo, por cima das cavalariças, do lado da famosa brecha. Michu tratou de arranjar dois cavalos, um para ele, outro para o filho, pois ambos se juntaram a Gothard para acompanharem a Menina de Cinq-Cygne em todos os seus passeios, que tinham por objectivo, como é natural, alimentar os quatro gentis-homens e procurar que nada lhes faltasse. Francisco e Gothard, ajudados por Couraud e pelos cães da condessa, limpavam os arredores do esconderijo, e certificavam-se de que não havia ninguém nas imediações.

Laurence e Michu levavam os alimentos, que Marta, sua mãe e Catarina preparavam às escondidas das outras pessoas, para que o segredo ficasse entre poucos, pois nenhum deles duvidava de que havia espiões na aldeia. Por isso, e por medida de prudência, esta expedição nunca se realizava mais de duas vezes por semana e sempre a horas diferentes, quer de dia, quer de noite.





Os capítulos deste livro