Um Caso Tenebroso - Cap. 17: XVII - DÚVIDAS DOS DEFENSORES OFICIOSOS Pág. 188 / 249

.. Mas vão lá dizer estas coisas aos jurados que nos apresentarem!

Esta perspicácia nos assuntos particulares. que torna grandes certos advogados e certos magistrados, surpreendia e desconcertava Laurence; esta espantosa lógica convulsionava-lhe o coração no peito.

- Em cem casos criminais - continuou Bordin - não há dez que a justiça apreenda em toda a sua extensão, e há talvez um terço cujo segredo lhe é desconhecido. O vosso faz parte do número daqueles indecifráveis para os acusados e para os acusadores, para a justiça e para o público. Quanto ao soberano. tem mais que fazer do que vir em socorro dos Senhores de Simeuse, ainda mesmo que eles não tivessem querido derrubá-lo. Mas quem diabo quererá mal a Malin? e que quereriam dele?

Bordin e o Senhor de Granville olharam um para o outro; dir-se-ia que duvidavam da veracidade do que lhes contara Laurence. Este movimento foi para a jovem uma das mais pungentes entre as mil dores que este caso lhe causou; por isso relanceou aos dois defensores, um olhar tal que destruiu neles toda e qualquer dúvida.

No dia seguinte o processo foi entregue aos defensores, que puderam comunicar com os acusados. Bordin informou a família que, como pessoas de bem, os seis acusados se tinham aguentado, para empregar uma expressão da gíria profissional.

- O Senhor de Granville defenderá Michu - disse Bordin.

- Michu?... - exclamou o Senhor de Chargeboeuf, espantado com a mudança.

- É o âmago do caso; ali é que está o perigo - replicou o velho procurador.

- Se é ele o mais exposto, parece-me justo que assim seja! - exclamou Laurence.

- Entrevemos certas esperanças - disse o Senhor de Granville - e vamos estudá-las. Se os pudermos salvar, será porque o Senhor de Hauteserre disse a Michu que reparasse uma das estacas da vedação do caminho vão, e que um lobo foi visto na floresta: pois tudo depende dos debates perante um tribunal criminal.





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