Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 5: Capítulo 5 Pág. 11 / 258

O Comandante Farragut pensava, com razão, que era preferível navegar em águas profundas e afastar-se dos continentes e das ilhas, que o animal parecia ter sempre evitado, “sem dúvida porque as águas não eram suficientemente profundas para ele”, segundo o mestre da tripulação. A fragata passou, portanto, ao largo das Pomotu, das Marquesas, das Sandwish, passou o Trópico de Câncer a cento e trinta e dois graus de longitude e dirigiu-se para os mares da China.

Não ficou nessas águas um único ponto por explorar, desde as costas do Japão às da América. E nada! Nada, a não ser a imensidão dos mares desertos. Nada que se parecesse com um narval gigantesco, com uma ilhota submersa, com o casco de um navio afundado, com um escolho móvel ou com algo de sobrenatural.

O desânimo apoderou-se dos espíritos e abriu caminho à incredulidade.

Com a desesperança e o descontentamento da tripulação, o Comandante Farragut decidiu que se no prazo de três dias o monstro não aparecesse, o timoneiro daria três voltas ao leme é a “Abraham Lincoln” navegaria para os mares da Europa.

A decisão, tomada: a 2 de novembro, teve como resultado reanimar a tripulação. O oceano foi observado com novo entusiasmo. Todos queriam dar-lhe uma última olhadela, como que para guardar uma recordação. Os óculos funcionavam com uma atividade febril. Era um desafio supremo lançado ao narval gigante, e este não podia deixar de corresponder àquele desejo de encontrá-lo.





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