Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 33: Capítulo 33 Pág. 168 / 258

Olhei, depois de ter fechado os olhos por um instante, ofuscados pela luz elétrica. O submarino estava imóvel. Flutuava junto de uma margem disposta como um cais. O meio que então o suportava era um lago aprisionado dentro de um círculo de muralhas que media duas milhas de diâmetro. O seu nível, indicado pelo manômetro, só podia ser o nível exterior, porque existia necessariamente uma comunicação entre o lago e o mar. As altas muralhas, inclinadas para a base, arredondavam-se em abóbada e pareciam um enorme funil invertido, cuja altura era de uns quinhentos a seiscentos metros. No cume abria-se um orifício circular por onde eu tinha notado aquela fraca claridade; sem dúvida devida aos raios solares.

Antes de examinar atentamente as disposições interiores daquela enorme caverna e de procurar saber se seria obra da natureza ou do homem, perguntei ao capitão:

- Onde estamos?

- No centro de um vulcão extinto. Um vulcão cujo interior foi invadido pelo mar, depois de uma convulsão do solo. Enquanto o senhor estava dormindo, o “Nautilus” penetrou nesta lagoa através de um canal natural, aberto a dez metros abaixo da superfície do oceano. É aqui o seu porto de abrigo. Um porto seguro, cômodo, secreto, abrigado de todos os ventos.

- Não resta dúvida que está em segurança aqui, capitão. Quem se lembrará de procurá-lo no centro de um vulcão. Quem poderia fazê-lo?

Mas não é uma abertura o que vejo no cimo da caverna?

- Sim, é uma cratera. Outrora cheia de lava, de vapores e de chamas, hoje ela dá passagem ao ar vivificante que respiramos aqui.

- Que montanha vulcânica é esta?

- Pertence a uma das numerosas ilhas que povoam este mar. É para nós uma imensa caverna. Eu a descobri por acaso e foi uma descoberta muito útil.





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