Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 37: Capítulo 37 Pág. 190 / 258

O bote foi lançado ao mar. O capitão, dois tripulantes levando os instrumentos, Conselho e eu embarcamos nele. Eram dez horas da manhã. Eu não tinha visto Ned Land. Certamente ele não quereria sofrer uma crítica minha, já que havíamos chegado ao Pólo Sul e com todas as possibilidades de regresso sem problemas.

Algumas remadas levaram o bote até a praia. No momento em que Conselho ia saltar para a terra, agarrei-o e lhe disse

- Cabe ao Capitão Nemo a honra de ser o primeiro de nós a pisar esta terra - falei e fiz um gesto de cortesia ao capitão, indicando-lhe a ilha.

- Obrigado, professor - disse ele. - Se não hesito em aceitar a sua gentileza é porque até hoje nenhum ser humano pisou a terra deste Pólo Sul. Tenho o privilégio de fazê-lo.

Dito isto, saltou ligeiro para a areia. Dominava-o uma estranha emoção. Subiu a uma rocha que terminava a pique por um promontório e ali, de braços cruzados, olhar ardente, imóvel e mudo, parecia tomar posse daquelas regiões austrais. Passados cinco minutos naquele êxtase, voltou-se para nós e falou:

- Quando quiser, Sr. Aronnax.

Desembarquei seguido de Conselho.

Começamos a andar pela ilha. O solo, numa grande extensão, apresentava um tufo de cor avermelhada, como se fosse feito de tijolo moído, coberto por escórias, correntes de lavas e pedra-pomes. Era impossível negar a sua origem vulcânica. A vegetação daquele continente desolado pareceu-me extremamente reduzida.

No entanto, a vida nos ares era superabundante. Milhares de aves de espécies variadas esvoaçavam acima de nossas cabeças, ensurdecendo-nos com seus gritos. Algumas pousavam nas rochas vendo-nos passar, sem mostrar qualquer receio.





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