Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 41: Capítulo 41 Pág. 212 / 258

Portanto pedi a Ned Land que me desse tempo para refletir. Aquela pergunta poderia levantar suspeitas no espírito do capitão, tornar a nossa situação penosa e prejudicar nossas possibilidades de fuga. Excetuando-se a dura provação do bloco de gelo no Pólo Sul, nós passávamos sempre muito bem. A alimentação sadia, a atmosfera salubre, a regularidade da existência e a uniformidade da temperatura, tudo isso nos mantinha com ótima saúde.

Para um homem que não lamentava as recordações de terra, para um Capitão Nemo, que se sentia em casa, que ia onde queria, que por meios misteriosos para os outros, mas claros para ele, avançava para um alvo, era fácil compreender aquela existência.

Mas nós não tínhamos rompido com a humanidade. Quanto a mim particularmente, eu não queria que os meus estudos, tão curiosos e inovadores desaparecessem comigo. Eu tinha agora o direito e as condições de escrever o verdadeiro livro do mar, e queria, mais cedo ou mais tarde, que esse livro fosse publicado.

Ali mesmo naquelas águas das Antilhas, a dez metros de profundidade, através dos painéis abertos, eu podia ver interessantíssimos exemplares da fauna submarina. Aos poucos o “Nautilus” foi mergulhando nas camadas mais profundas. Os seus planos inclinados levaram-no a profundidades de até dois e três mil metros. Então a vida animal tinha por únicos representantes litorais.

A 20 de abril subimos a uma altura média de mil e quinhentos metros. A terra mais próxima era então o Arquipélago das Lucaias, espalhadas como um monte de pedras na superfície das águas.





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