Vinte Mil Léguas Submarinas - Cap. 23: Capítulo 23 Pág. 93 / 258

A mão do capitão crispou-se e algumas lágrimas caíram-lhe dos olhos que eu julgava incapazes de chorar.

- Pode retirar-se, Sr. Aronnax - disse-me ele.

Na manhã seguinte subi à plataforma e encontrei o capitão lá. Assim que me viu chegar, ele veio falar comigo.

- Deseja fazer hoje uma excursão submarina, professor? - perguntou-me. Notei que ele continuava triste.

- Com os meus companheiros? - indaguei.

- Se eles quiserem.

- Estamos às suas ordens, capitão.

- Então chame os seus amigos e vão vestir os escafandros.

Sobre o moribundo ou o morto, ele manteve silêncio total.

Às oito e meia da manhã estávamos prontos para o novo passeio. Dessa vez, Ned Land não pôs nenhum obstáculo para vestir o escafandro e nos acompanhar. O Capitão Nemo chegou seguido de doze dos seus homens, a porta dupla foi aberta, eles saíram e nós os seguimos a pé a uma profundidade de dez metros, sobre a terra firme onde repousava o “Nautilus”. Eu gostaria de poder entender as reações que se desenhavam na fisionomia do canadiano.

Depois de andarmos por um longo tempo, chegamos ao início de uma floresta petrificada, com longas veredas de arquitetura fantasista. O Capitão Nemo seguiu por uma obscura galeria cuja suave inclinação nos conduziu a uma profundidade de cerca de trezentos metros. Mas ali não existiam mais os arbustos isolados, nem a modesta mata de baixa altura que vínhamos encontrando. Era a floresta imensa, as grandes vegetações minerais, as enormes árvores petrificadas, reunidas por elegantes grinaldas, lianas do mar, cheias de tonalidades e reflexos.





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