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Capítulo 117: O 5 de Outubro

Página 1078

O conde estremeceu ao ouvir o tom desta voz, que fez vibrar mesmo as fibras mais íntimas do seu coração. Os seus olhos encontraram os da jovem e não puderam suportar-lhe o brilho.

- Meu Deus, meu Deus, será então verdade o que me deixaste suspeitar? Haydée, serias feliz se me não deixasses?

- Sou nova - respondeu ela meigamente -, amo a vida que sempre me tornaste tão agradável, e lamentaria morrer.

- Queres dizer que se te deixasse, Haydée...

- Morreria, meu senhor, morreria!

- Amas-me então?

- Oh, Valentine, pergunta-me se o amo! Valentine, diz-lhe tu se amas Maximilien!

O conde sentiu o peito dilatar-se-lhe, e com ele o coração. Abriu os braços e Haydée soltou um grito e lançou-se neles.

- Oh, sim, amo-te! - exclamou a jovem. - Amo-te como se ama um pai, um irmão e um marido! Amo-te como se ama a vida, como se ama Deus, porque és para mim o mais belo, o melhor e o maior dos seres da criação!

- Seja então feita a tua vontade, meu anjo querido - respondeu o conde. - Deus, que me instigou contra os meus inimigos e me tornou vingador, Deus, bem o vejo, não quer que haja arrependimento no fim da minha vitória. Queria castigar-me; Deus quer perdoar-me. Ama-me, pois, Haydée! Quem sabe, talvez o teu amor me faça esquecer o que devo esquecer.

- Que queres dizer com isso, meu senhor? - perguntou a jovem.

- Quero dizer que uma palavra tua, Haydée, me esclareceu mais do que vinte anos da minha lenta aprendizagem. Só te tenho a ti no mundo, Haydée; por ti volto a prender-me à vida, por ti posso sofrer, por ti posso ser feliz.

- Ouve-lo, Valentine? - atalhou Haydée. - Diz que pode sofrer por mim! Por mim, que daria a vida por ele! O conde recolheu-se um instante.

- Entrevi a verdade? Meu Deus, não importa! Recompensa ou castigo, aceito o meu destino. Vem, Haydée, vem...

E passando o braço à roda da cintura da jovem, apertou a mão a Valentine e saiu. Passou cerca de uma hora, durante a qual, arquejante, calada, de olhos fixos, Valentine permaneceu junto de Morrel. Por fim, sentiu o coração dele bater, um sopro imperceptível abrir-lhe os lábios e o leve frémito que anuncia o regresso à vida percorreu todo o corpo do jovem. Por fim abriu os olhos, ao princípio fixos e como que enlouquecidos; depois, a vista voltou-lhe, precisa, real, e com a vista a sensação e com a sensação a dor.

- Oh, ainda estou vivo, o conde enganou-me! - exclamou com acento de desespero.

E a sua mão estendeu-se para a mesa e pegou numa faca.

- Amigo - disse Valentine, com o seu sorriso adorável -, acorda e olha para mim.

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Capa do livro O Conde de Monte Cristo
Páginas: 1080
Página atual: 1078

 
   
 
   
Os capítulos deste livro:
Marselha - A Chegada 1
O pai e o filho 8
Os Catalães 14
A Conspiração 23
O banquete de noivado 28
O substituto do Procurador Régio 38
O interrogatório 47
O Castelo de If 57
A festa de noivado 66
Os Cem Dias 89
O número 34 e o número 27 106
Um sábio italiano 120
A cela do abade 128
O Tesouro 143
O terceiro ataque 153
O cemitério do Castelo de If 162
A Ilha de Tiboulen 167
Os contrabandistas 178
A ilha de Monte-Cristo 185
Deslumbramento 192
O desconhecido 200
A Estalagem da Ponte do Gard 206
O relato 217
Os registos das prisões 228
Acasa Morrel 233
O 5 de Stembro 244
Itália - Simbad, o marinheiro 257
Despertar 278
Bandidos Romanos 283
Aparição 309
A Mazzolata 327
O Carnaval de Roma 340
As Catacumbas de São Sebastião 356
O encontro 369
Os convivas 375
O almoço 392
A apresentação 403
O Sr. Bertuccio 415
A Casa de Auteuil 419
A vendetta 425
A chuva de sangue 444
O crédito ilimitado 454
A parelha pigarça 464
Ideologia 474
Haydée 484
A família Morrel 488
Píramo e Tisbe 496
Toxicologia 505
Roberto, o diabo 519
A alta e a baixa 531
O major Cavalcanti 540
Andrea Cavalcanti 548
O campo de Luzerna 557
O Sr. Noirtier de Villefort 566
O testamento 573
O telégrafo 580
Meios de livrar um jardineiro dos ratos-dos-pomares que lhe comem os pêssegos 588
Os fantasmas 596
O jantar 604
O mendigo 613
Cena conjugal 620
Projetos de casamento 629
No gabinete do Procurador Régio 637
Um baile de Verão 647
As informações 653
O baile 661
O pão e o sal 668
A Sra. de Saint-Méran 672
A promessa 682
O jazigo da família Villefort 705
A ata da sessão 713
Os progressos de Cavalcanti filho 723
Haydée 732
Escrevem-nos de Janina 748
A limonada 762
A acusação 771
O quarto do padeiro reformado 776
O assalto 790
A mão de Deus 801
Beauchamp 806
A viagem 812
O julgamento 822
A provocação 834
O insulto 840
A Noite 848
O duelo 855
A mãe e o filho 865
O suicídio 871
Valentine 879
A confissão 885
O pai e a filha 895
O contrato 903
A estrada da Bélgica 912
A estalagem do sino e da garrafa 917
A lei 928
A aparição 937
Locusta 943
Valentine 948
Maximilien 953
A assinatura de Danglars 961
O Cemitério do Père-lachaise 970
A partilha 981
O covil dos leões 994
O juiz 1001
No tribunal 1009
O libelo acusatório 1014
Expiação 1021
A partida 1028
O passado 1039
Peppino 1049
A ementa de Luigi Vampa 1058
O Perdão 1064
O 5 de Outubro 1069